Lei Mosaica

 


Moisés revelou aos homens a existência de um Deus único, criador de todas as coisas e promulgou a Lei do Sinai. A lei mosaica se distingui em duas partes: a lei de Deus, promulgada sobre o monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés. Uma é invariável; a outra é apropriada aos costumes e ao caráter do povo, e se modifica com o tempo (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, 1 e 2). A Lei Divina está formulada no Decálogo, e possui um caráter divino e universal. Todas demais leis foram estabelecidas por Moisés, obrigado a manter pelo temor um povo turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater abusos e preconceitos arraigados. 

A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes: 1. Não tereis outros deuses estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem talhada, nem nenhuma figura, não os adorareis, nem prestareis culto soberano; 2. Não tomeis em vão o nome de Deus; 3. Lembrai-vos de santificar o dia de sábado; 4. Honrai o vosso pai e a vossa mãe; 5. não matareis; 6. Não cometereis adultério; 7. Não furtareis; 8. Não trareis falso testemunho contra o vosso próximo; 9. Não desejareis a mulher do próximo; 10. Não desejareis a casa do próximo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu asno, nem nenhuma de todas as coisas que lhe pertencem (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 1, item 2).

Jesus quando afirma que não veio destruir a lei, refere-se à lei de Deus, a qual veio desenvolver, dar seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens, dando um ponto de vista renovador sob o qual Jesus considera a divindade, e, portanto, a lei: 

1.    Deus já não é um legislador implacável, vingativo e justiceiro, mas um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, e dá a cada um segundo as suas obras. Jesus deu continuidade a essa lei da Justiça Divina, porém acrescentou que esta lei é o amor, e nela encontra-se o princípio dos deveres para com Deus e para com os outros homens: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, e acrescentou: Esta é toda a lei e os profetas. Onde, amar a Deus sobre todas as coisas significa compreender e respeitar as leis que regem o Universo. Esse amor é demonstrado pelo esforço em viver em harmonia com essas leis, cultivando virtudes como a humildade, a paciência e a compaixão. Ao compreender que Deus é a origem de toda a criação, o ser humano sente-se impulsionado a buscar a perfeição moral e a desenvolver-se espiritualmente. Amar o próximo como a si mesmo representa a aplicação prática do amor divino na convivência humana. Esse amor se manifesta na empatia, no perdão, na tolerância e na caridade. Significa tratar os outros com a mesma consideração, respeito e segurança que você deseja receber, reconhecendo que todos somos irmãos e que a fraternidade é fundamental para o progresso coletivo. Jesus destacou que esse princípio resume todas as leis morais e espirituais, pois o amor verdadeiro abrange todos os deveres e virtudes necessárias para o crescimento da alma. Ao amar a Deus e ao próximo, cumprimos não apenas os ensinamentos de Jesus, mas também a vontade divina, que visa a harmonia e a felicidade de todos e o caminho para alcançar a verdadeira paz interior e contribuir para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

2.    Já não é o Deus de um único povo privilegiado, o Deus dos exércitos, presidindo aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos, mas o Pai comum do gênero humano que estende a sua proteção sobre todos os seus filhos ( A Gênese, Cap. I, item 23). A Lei Divina é universal e não particular. Deus é o Pai Universal , que ama e protege todos os seres humanos de forma igualitária, sem distinções de povos ou de confiança. É o Deus do amor, da justiça e da fraternidade, guiando cada um de Seus filhos em direção à perfeição, sem privilegiar uma raça ou cultura em detrimento de outra.

3.    Na época de Moisés, a vida religiosa apoiava-se em rituais, sacrifícios e cultos de adoração, pois necessitava-se de uma representação semimaterial, como a que então lhes oferecia a religião hebraica. Jesus nos ensina a Lei da Adoração, mas modifica-lhe o fundo e a forma, ao combater constantemente o abuso das práticas exteriores.

4.    Para dar autoridade às leis, Moisés teve de atribuir-lhes uma origem divina. A autoridade de Deus, um ser que transcendia a condição humana. Todavia, o papel de Jesus não foi o de um legislador moralista, cuja a autoridade era apenas a sua palavra, mas que decorria da natureza excepcional de seu próprio Espírito, de sua ascendência moral sobre os demais, pois ele referia-se à Lei Divina, à vontade do Pai, com a qual estava plenamente identificado. Vivenciava a Lei Divina em si mesmo, emanava de sua própria autoridade.

A compreensão dos atributos de Deus e de suas leis, de par com a da imortalidade da alma e da vida futura são de suma importância, pois modificam profundamente as relações mútuas entre os homens, a vida, os costumes e obrigações. Esse é o ponto capital na revelação de Cristo, que veio modificar as relações entre os homens, mas cuja importância não foi compreendida suficientemente. Não obstante, Jesus não disse tudo, e sobre algumas questões limitou-se a lançar a semente de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Era preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem nos dar a chave. É assim que o Espiritismo, já mais amadurecido o espírito humano, busca desvendar o sentido oculto e alegórico dessas verdades, fundamentando-as científica e racionalmente.

A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, e a do Novo Testamento em Cristo, já a Terceira revelação da Lei Divina não está personificada em ninguém, pois as Leis Morais são produtos do ensinamento de uma plêiade de Espíritos, que são as “vozes do céu” em todas as partes do mundo.

Jesus afirmou: Não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento (Mateus, V: 17), também o Espiritismo nada ensina o contrário aos mandamentos morais de Jesus, mas desenvolve-os, explica-os, torna claro para todos o que fora dito de forma alegórica. Com efeito, pode-se afirmar que as Leis Morais contidas em O Livro dos Espíritos nada mais são que os imperativos morais ensinados por Jesus, porém articulados à luz da razão, ou seja, da filosofia, na medida em que a referida obra consiste em princípios racionais que visam fundamentar O Evangelho Segundo o Espiritismo.

   

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