Necessário & Supérfluo
Em O Livro dos Espíritos, nas questões 715 a 727, Allan Kardec explora a diferença entre o necessário e o supérfluo, bem como o valor das privações voluntárias e das mortificações na jornada espiritual.
O necessário refere-se ao que é essencial para a sobrevivência e bem-estar do corpo e da alma, enquanto o supérfluo abrange os excessos e os prazeres desmedidos, que podem levar ao apego material e ao distanciamento dos verdadeiros valores espirituais. O Espiritismo ensina que buscar o equilíbrio é fundamental: não se deve viver na extrema privação nem na abundância desenfreada, mas sim utilizar os bens materiais de maneira justa e responsável.
Quanto às privações voluntárias, elas são meritórias quando têm um objetivo útil, como ajudar o próximo ou fortalecer a vontade e a disciplina moral. No entanto, mortificações extremas, como autoflagelação e jejuns rigorosos sem propósito elevado, são reprovadas pelos Espíritos, pois não conduzem ao verdadeiro progresso espiritual. Deus não se agrada do sofrimento inútil, mas sim da transformação interior, do desapego consciente e da caridade praticada com sinceridade.
Quando o homem ultrapassa o limite de suas necessidades, desejando os excessos, sofre as consequências de seus atos egoístas, pelo imperativo da lei de ação e reação. As doenças, a decadência, a própria morte que são consequências do abuso, são também a punição da transgressão da lei de Deus. A ambição desmedida altera a constituição orgânica, propicia os vícios, cria necessidades fictícias, muitas vezes difíceis de serem satisfeitas, levando o homem a quedas morais irreversíveis. Aqueles que se apoderam avidamente de bens terrenos, transgridem as leis divinas e portanto terão que responder pelas privações que houverem causado ao seu próximo.
Ao homem é permitido alimentar-se de tudo o que não lhe prejudique a saúde, mesmo no caso de alimentação animal; devido à sua constituição física, onde a carne nutre a carne, é dado ao homem a liberdade de nutrir-se ainda da alimentação animal, segundo exige sua organização, a fim de conservar suas energias e sua saúde, para que possa cumprir a Lei do Trabalho. Consumir sim, mas sem excessos e com moderçaõ sempre.
Assim, o verdadeiro mérito está em saber usar os bens da Terra com moderação, sem escravidão ao supérfluo, e na escolha de privações que contribuam para o aprimoramento moral e para o bem do próximo, sem cair nos exageros que nada acrescentam ao espírito.
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