O Verdadeiro Cilício
O verdadeiro cilício, conforme abordado em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 5, item 26, não se refere ao sofrimento físico autoimposto, como era comum em práticas ascéticas de certas tradições religiosas. Em vez disso, o Espiritismo ensina que o verdadeiro cilício é o esforço íntimo de cada indivíduo para domar suas más inclinações, superar suas imperfeições e praticar a verdadeira caridade e resignação diante das dificuldades da vida.
Muitos acreditam que a dor física voluntária poderia servir como expiação dos pecados, mas a doutrina espírita esclarece que a verdadeira purificação do espírito ocorre através da reforma íntima. Isso significa lutar contra o orgulho, o egoísmo, a impaciência e qualquer sentimento que nos afaste do amor ao próximo e da humildade.
Jesus, em seu exemplo de amor e renúncia, não pregou a autopunição, mas sim a necessidade de carregar o próprio fardo com coragem e dignidade. O verdadeiro cilício, portanto, está no trabalho contínuo de autoaperfeiçoamento, na paciência perante as provações da vida e no esforço sincero para se tornar um ser humano melhor a cada dia.
Pelo fato de o homem estar consciente de que os sofrimentos são, muitas vezes, consequências de erros praticados em vidas passadas, não deve ver nisto motivo para não se condoer da dor alheia e não mostrar disposição para auxiliar o próximo. Pelo contrário, deve sempre intuir quais o meios que Deus colocou às mãos para suavizar o sofrimento do seu irmão, para consolá-lo e dar-lhe o amparo moral e material de que necessita.
Assim, o verdadeiro cilício consiste no sacrifício que tem por finalidade o progresso espiritual; mortificar o espírito e não o corpo, significa combater o orgulho, aceitar as humilhações sem revolta, sufocando o amor-próprio cheio de orgulho.
Assim, aquele que escolhe suportar as provações da vida com resignação e bondade pratica o mais valioso dos cilícios: o do coração e da alma.
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