Influência dos Espíritos em Nossos Pensamentos, Atos e Acontecimentos da Vida
O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, apresenta uma visão profunda e lógica sobre a relação constante entre o mundo espiritual e o mundo corporal. Entre os muitos aspectos dessa interação, destaca-se a influência dos Espíritos sobre os pensamentos, decisões e acontecimentos da vida cotidiana. Longe de ser um campo de meras conjecturas, esta influência é explicada com clareza filosófica e experimental nas obras fundamentais da Doutrina Espírita.
A Influência Espiritual no Pensamento Humano
Na questão 459 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos Espíritos Superiores: “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?”. A resposta é clara e surpreendente: “Muito mais do que imaginais; influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.” Essa afirmação demonstra a profundidade da simbiose espiritual existente entre encarnados e desencarnados.
Portanto, nossos pensamentos não são exclusivamente frutos do nosso próprio intelecto. Somos constantemente inspirados, sugeridos ou advertidos por Espíritos que vibram em sintonia com nossas tendências morais e emocionais.
Por exemplo, ao enfrentar um dilema moral, podemos captar sugestões edificantes oriundas de Espíritos superiores, que nos induzem à escolha correta. Por outro lado, Espíritos ainda vinculados a paixões e vícios terrenos podem estimular pensamentos egoístas, coléricos ou desonestos, caso nos mantenhamos mentalmente vulneráveis.
O Papel do Livre-Arbítrio e da Sintonia Vibratória
Embora os Espíritos exerçam essa influência, não somos meros fantoches. Na questão 466, Kardec questiona se podemos resistir à influência dos Espíritos maus. A resposta afirma que o homem tem sempre o livre-arbítrio para ceder ou resistir às sugestões externas, bastando-lhe “fazer esforço pela resistência”.
Além disso, a qualidade de nossos pensamentos e sentimentos determina o tipo de Espíritos que atraímos. Como destaca Kardec em Obras Póstumas, cap. 1, tens 13 e 14, o perispírito funciona como um veículo de transmissão mental e emocional, vibrando em sintonia com os Espíritos semelhantes. Assim, cultivando bons pensamentos, afastamos influências negativas e atraímos Espíritos benévolos.
Interferência Espiritual nos Acontecimentos da Vida
A Doutrina Espírita ensina que os Espíritos também colaboram ou influenciam certos eventos da vida material. No capítulo 27, item 10 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec esclarece que a Providência pode permitir que os Espíritos atuem em nosso meio para concretizar os desígnios divinos ou como instrumentos de aprendizado.
Por vezes, situações aparentemente fortuitas — um encontro casual, um contratempo evitado ou até mesmo um acidente — possuem, na realidade, causas invisíveis que envolvem a ação de Espíritos amigos ou adversários. Entretanto, tais ocorrências jamais anulam nossa responsabilidade moral diante das escolhas que fazemos nessas circunstâncias.
No livro Nos Domínios da Mediunidade, psicografado por Chico Xavier pelo Espírito André Luiz, observamos inúmeros exemplos de Espíritos agindo nos bastidores da vida cotidiana, tanto auxiliando quanto perturbando indivíduos, de acordo com o merecimento e a vigilância mental destes.
A Prevenção e a Vigilância Espiritual
Compreender a influência espiritual não significa temer o mundo invisível, mas sim cultivar vigilância mental, como orienta Jesus: “Orai e vigiai”. A oração e o estudo edificante, aliados à prática do bem, são as defesas naturais contra as influências perniciosas.
Além disso, a literatura espírita sugere recursos complementares: autoeducação moral, meditação, vigilância emocional e participação em reuniões de estudo e evangelização.
Estudos contemporâneos sobre influência mental e sintonia vibratória encontram eco em pesquisas de neurociência e psicologia, que investigam o impacto do ambiente e da sugestão sobre o comportamento humano (Frontiers in Psychology).
Considerações Finais
A Doutrina Espírita amplia a compreensão da responsabilidade humana, mostrando que, embora sejamos influenciados, possuímos as ferramentas da razão e do livre-arbítrio para discernir e escolher. Cabe a cada um aprimorar sua sintonia mental e moral, buscando inspiração nos bons Espíritos e protegendo-se das sugestões infelizes que, muitas vezes, são atraídas pelas nossas próprias imperfeições.
Vigilância mental, sintonia elevada e vivência no bem são os pilares da liberdade espiritual diante das influências invisíveis que nos rodeiam diariamente.
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Referências Bibliográficas
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 459, 466, 469, 525A.
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 27, item 10.
- KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Capítulo 1 - O perispírito como princípio das manifestações, tens 13 e 14.
- XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.
- XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luiz, capítulo 8.
- DENIS, Léon. No Invisível. Capítulos sobre influência espiritual.
- FRONTIERS IN PSYCHOLOGY. "Neurocognitive Bases of Suggestion and Influence". Disponível em: Frontiers in Psychology.
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