Os Caracteres da Perfeição Moral

 

A perfeição moral é o ideal supremo da alma em sua longa jornada evolutiva. Ela não se constrói em um único passo, nem em uma única existência, mas se edifica lentamente, por meio do esforço constante do Espírito em domar suas más inclinações, desenvolver virtudes e orientar suas ações segundo a consciência e a razão iluminada.

O verdadeiro sinal da perfeição moral não está apenas em atos exteriores ou em aparências piedosas, mas na sinceridade com que o indivíduo busca transformar-se interiormente. A bondade genuína, a humildade, a tolerância e a renúncia são marcas evidentes desse estado avançado da alma. O ser moralmente elevado não se envaidece das próprias virtudes, mas as pratica com naturalidade, reconhecendo suas imperfeições e trabalhando constantemente para vencê-las.

Léon Denis, em sua obra Depois da Morte, esclarece que a moralidade é o fundamento essencial da elevação espiritual. No capítulo A Vida Moral, ele afirma que a moral verdadeira não é uma convenção social ou religiosa, mas uma lei universal que tem por base a harmonia, a justiça e o amor. Essa moral nasce do interior do ser, guiada pela consciência que, quanto mais pura, mais fielmente reflete a vontade divina.

Um dos maiores obstáculos à perfeição moral é o egoísmo — tema abordado com profundidade por Denis no capítulo O Egoísmo. Ele identifica essa falha como raiz de quase todos os males que afligem a humanidade. O egoísmo fecha o coração à dor alheia, alimenta o orgulho, fomenta a injustiça e impede o florescimento da fraternidade. Superá-lo exige uma educação profunda do sentimento e uma sincera disposição para amar e servir ao próximo.

No capítulo O Dever, Denis aprofunda ainda mais a reflexão sobre a base da moral elevada. O dever, segundo ele, é a obrigação moral que temos para com os outros, conosco mesmos e com Deus. É o guia silencioso das almas nobres, a disciplina livremente aceita que nos leva a agir com retidão, mesmo quando ninguém nos observa. O dever é o exercício constante da responsabilidade, da coerência e da fidelidade ao bem.

A caridade, o desprendimento dos bens materiais, a indulgência com as faltas do próximo, a firmeza contra o mal, a renúncia ao orgulho e à vaidade, são traços que caracterizam o ser que avança na perfeição moral. Tal indivíduo não busca reconhecimento, mas sim servir; não se inquieta com as ofensas, pois compreende que cada um está em seu próprio grau de evolução; não revida o mal com o mal, pois já descobriu a força do perdão e da paciência.

A conquista da perfeição moral não é uma meta inalcançável, mas um caminho que se percorre passo a passo. Cada vitória sobre o egoísmo, cada gesto de amor, cada pensamento elevado representa um avanço real. O esforço sincero na reforma íntima é, por si só, um sinal claro de progresso.

Portanto, ser moralmente perfeito não é ser infalível, mas sim lutar, dia após dia, para ser melhor, com humildade, perseverança e fé. Como ensina Léon Denis, é na vivência do dever, na superação do egoísmo e na edificação de uma vida moral consciente que o Espírito se aproxima, gradualmente, da verdadeira perfeição.

Fonte da Pesquisa: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 11, item 11, Cap. 17, item 1, 2, 7, 8; O Livro dos Espíritos, questões 893, 895, 913, 914, 917; Livro Depois da Morte, Léon Denis, Cap. 46 - O Egoísmo, Cap. 42 - A Vida Moral, Cap. 43 - O Dever.

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