A volta do Espírito ao mundo corporal: a infância segundo o Espiritismo
O processo da reencarnação é uma das leis fundamentais do Espiritismo, revelada por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos. Nos itens 379 a 385, a Doutrina esclarece que a volta do Espírito ao mundo corporal não se dá de maneira brusca ou aleatória, mas segue uma programação espiritual que visa o progresso moral e intelectual do ser. Esse retorno se manifesta, principalmente, através da infância, período que tem uma função muito mais elevada do que simples fase biológica: é uma etapa sagrada de renovação e reajuste.
Por que o Espírito precisa da infância?
A infância, do ponto de vista espírita, não é apenas um fenômeno biológico ligado ao desenvolvimento do corpo, mas um mecanismo divinamente planejado para que o Espírito consiga reajustar-se à vida material.
Segundo O Livro dos Espíritos (questão 379), o Espírito precisa desse período porque não poderia suportar de imediato as lutas e responsabilidades da existência sem antes passar por um tempo de preparação. É como se a infância fosse uma “ponte suave” entre o mundo espiritual e a realidade terrestre.
O Espírito Miramez, no livro Filosofia Espírita, complementa essa visão, ensinando que a infância é um ato de misericórdia divina. O Espírito, carregado de lembranças e tendências do passado, mergulha num estado de maleabilidade, de doçura e de esquecimento temporário. Isso lhe permite aproximar-se do amor familiar, criar laços de afeto e absorver novas lições sem o peso esmagador das culpas antigas.
“A infância é a escola da vida, onde o Espírito veste-se de ternura para reaprender a caminhar.” — Miramez
Miramez complementa essa visão, ensinando que a infância é um ato de misericórdia divina. O Espírito, carregado de lembranças e tendências do passado, mergulha num estado de maleabilidade, de doçura e de esquecimento temporário. Isso lhe permite aproximar-se do amor familiar, criar laços de afeto e absorver novas lições sem o peso esmagador das culpas antigas.
Outro ponto essencial é que, na infância, a alma está mais receptiva às influências educativas e espirituais. É nesse momento que a família e a sociedade podem agir de forma mais eficaz, orientando, corrigindo e inspirando caminhos de renovação moral. Sem a infância, a reencarnação se tornaria um choque brutal, com o Espírito retomando imediatamente as suas paixões e lembranças, o que inviabilizaria grande parte do processo educativo da vida corporal.
A suavização do passado
Durante a infância, as lembranças do passado espiritual ficam adormecidas. A misericórdia divina atua nesse processo para que o Espírito não seja esmagado pelo peso de suas experiências anteriores. Miramez comenta que Deus reveste a criança de inocência para que seja mais fácil amar e ser amado. É o “véu do esquecimento” que protege e, ao mesmo tempo, oferece a chance de um novo começo.
O papel da família na educação espiritual
A infância não é apenas um estágio de adaptação fisiológica, mas de educação espiritual. A criança traz consigo tendências e valores adquiridos em existências anteriores, mas necessita de orientação. A família, segundo Kardec e Miramez, é o cadinho onde essas tendências serão trabalhadas, corrigidas ou fortalecidas. Por isso, a responsabilidade dos pais é imensa: eles não apenas nutrem o corpo, mas conduzem a alma para o bem.
Em O Livro dos Espíritos (q. 582 e 685), Kardec mostra que a missão dos pais não é apenas garantir o sustento material, mas principalmente guiar a alma para o bem, corrigindo tendências negativas e fortalecendo virtudes. Na infância, o Espírito está mais acessível, mais maleável, e por isso a ação educativa da família encontra campo fértil para moldar o caráter e incentivar hábitos saudáveis.
Miramez observa que o lar é uma “oficina de luz”, onde os pais são jardineiros de almas. A criança traz consigo sementes de vidas anteriores, algumas boas, outras daninhas; caberá à família cultivar as virtudes e podar as imperfeições, sempre com amor e firmeza. Se a família negligencia essa tarefa, o Espírito pode crescer desorientado, arrastando as mesmas paixões que o prejudicaram no passado.
Outro aspecto é que a família constitui o primeiro círculo de convivência e reajuste espiritual. Muitas vezes, os laços de sangue unem antigos desafetos para que aprendam a conviver em harmonia. A paciência, o perdão e o afeto no ambiente doméstico são instrumentos poderosos de transformação.
Infância: promessa de renovação
O Espírito, em seus primeiros anos de vida, encontra-se mais maleável, mais próximo do plano espiritual. É nesse período que está aberto às influências mais puras e profundas, razão pela qual a educação deve começar desde cedo, com amor, disciplina e espiritualidade. Se a infância é respeitada como etapa de luz, ela se torna o alicerce de um futuro mais equilibrado e fraterno.
A volta do Espírito ao mundo corporal é, portanto, um presente da providência divina. Na infância, vemos não apenas fragilidade, mas também a esperança da humanidade, o reinício de uma caminhada rumo à perfeição.
Leitura complementar
Referência Bibliográfica
MIRAMEZ (pelo espírito), psicografado por João Nunes Maia. Filosofia Espírita. Belo Horizonte: Fonte Viva, 1981.
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