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Reflexões e estudos da Doutrina Espírita, baseado nas obras de Allan Kardec
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Procurai e achareis, batei e se vos abrirá
Entre as máximas mais sublimes de Jesus, destaca-se uma que ecoa através dos séculos como um chamado à confiança e à ação: “Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei e se vos abrirá.” Registrada no Evangelho e comentada por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 25, essa lição nos convida a compreender que o socorro divino é sempre acessível, mas que depende do movimento da criatura em direção ao Criador.
O Mestre não oferece uma promessa vazia, nem incentiva a passividade. Ao contrário, Ele ensina que a vida espiritual é feita de atitudes, de escolhas conscientes, de perseverança e fé. É necessário procurar, é necessário bater, é preciso pedir. Cada verbo utilizado por Jesus carrega uma profundidade psicológica e espiritual que se entrelaça com a lei do trabalho e com a fé raciocinada que o Espiritismo nos convida a exercitar.
Quando lemos essas palavras com atenção, percebemos que não se trata de uma promessa de facilidades, mas de uma pedagogia divina: Deus está sempre disposto a nos atender, mas o atendimento respeita a nossa maturidade espiritual e a sinceridade de nossos pedidos. Essa máxima de Cristo, portanto, revela que a oração e o esforço pessoal são caminhos inseparáveis, que conduzem ao encontro com a verdade e ao progresso da alma.
O sentido das palavras
“Procurai e achareis, batei e se vos abrirá.”
Procurar é mais do que desejar: é mover-se, agir, sair do comodismo e da espera passiva. Quem procura reconhece a própria limitação e aceita a necessidade de aprender. No plano espiritual, procurar significa estudar, orar, observar-se a si mesmo e esforçar-se por alcançar novos horizontes da alma. É o primeiro passo de quem, cansado de errar, deseja encontrar o rumo certo.
Achar, por sua vez, é o resultado do esforço consciente. Não significa receber de forma mágica ou automática, mas colher os frutos de uma busca sincera. Quem busca o bem, encontra o bem; quem procura a luz, acaba iluminando-se, ainda que aos poucos. Esse movimento é coerente com a lei de causa e efeito, lembrada pelos Espíritos: cada esforço no bem gera uma consequência luminosa, ainda que invisível no primeiro momento.
Bater é o gesto de humildade. Ao bater, reconhecemos que não temos todas as chaves. É admitir a necessidade de auxílio superior, confiando que há alguém pronto a abrir. Esse gesto é também simbólico: a porta representa a barreira da ignorância, do orgulho e das provas da vida. Quando batemos com sinceridade, os mensageiros do Senhor se dispõem a nos abrir novos caminhos de compreensão e consolação.
E abrir-se-á. Aqui se encontra a resposta divina, que jamais falha. A porta se abre no tempo certo, na medida em que nosso coração está preparado para atravessá-la. Deus não recusa o bem, mas espera a hora em que possamos recebê-lo sem transformar bênção em tropeço. Essa abertura é, muitas vezes, silenciosa: uma intuição, uma palavra amiga, um livro que chega em nossas mãos, uma experiência que nos amadurece. O importante é compreender que a promessa de Jesus é verdadeira, mas se realiza segundo a sabedoria divina e não segundo a pressa humana.
A fé raciocinada e o esforço próprio
O Espiritismo nos alerta que a verdadeira fé não é cega. Kardec a chama de fé raciocinada, aquela que se apoia na compreensão das leis divinas e na confiança que nasce da razão iluminada pelo coração. Pedir a Deus não é exigir milagres, mas alinhar-se com a Sua vontade. Quando oramos com sinceridade, atraímos forças que sustentam o nosso esforço, mas não substituem a parte que nos cabe realizar.
A fé raciocinada, portanto, afasta a ilusão da passividade. Se desejamos vencer uma dificuldade, não basta apenas rogar por solução: é preciso trabalhar, agir, transformar-se. O Espiritismo explica que Deus auxilia, mas não faz pelo homem aquilo que ele mesmo pode e deve realizar. Assim, a oração verdadeira não é fuga da vida, mas força que nos encoraja a enfrentá-la.
Emmanuel, em diversas mensagens psicografadas por Chico Xavier, reforça que a prece é como a luz que acende em nosso íntimo, mas que precisa ser acompanhada do esforço diário. De nada adianta pedir paciência e continuar alimentando a impaciência; suplicar perdão e persistir no ressentimento; rogar forças e permanecer na inércia. O pedido deve estar harmonizado com a ação correspondente, pois a fé sem obras é estéril.
Assim, a máxima de Jesus aponta para uma lei divina de cooperação: Deus concede, mas é o homem quem deve mover-se em direção à conquista. A fé raciocinada, unida ao esforço, gera frutos duradouros, porque fortalece a alma e ensina que o verdadeiro milagre é a transformação interior.
A providência divina e o tempo de Deus
Muitas vezes nos inquietamos porque, apesar de pedirmos e buscarmos, a resposta parece tardar. Aqui se revela outro aspecto profundo do ensinamento do Cristo: a resposta vem sempre, mas no tempo de Deus. O Pai conhece melhor que nós o momento adequado, porque enxerga além das aparências imediatas. O que hoje nos parece demora, é, na verdade, período de amadurecimento.
André Luiz, em Agenda Cristã, lembra que “a espera é também um trabalho silencioso”. Quantas vezes pedimos algo que, se nos fosse concedido de imediato, poderia nos prejudicar? Deus, que é amor e justiça, concede sempre o que necessitamos, mas ajusta a resposta às nossas necessidades reais e não às nossas ansiedades momentâneas. Aprender a confiar nesse tempo divino é também um exercício de fé raciocinada e de paciência espiritual.
Dimensão moral da promessa de Jesus
A promessa de “procurar e achar” não se limita a bens materiais ou soluções transitórias. Seu alcance é sobretudo moral e espiritual. Procurar a paz, por exemplo, é cultivar atitudes de perdão; bater à porta da fé é abrir-se ao consolo que vem da oração; achar a serenidade é fruto de resignação diante das provas. Os verdadeiros tesouros que se encontram não são exteriores, mas internos.
Léon Denis, em Depois da Morte, afirma que “o homem é o artífice do seu destino”. Procurar, portanto, é assumir essa responsabilidade moral diante da vida. O Cristo nos convida a sermos construtores de nossa felicidade eterna, compreendendo que os bens materiais passam, mas as conquistas morais permanecem. Quem busca sinceramente o bem, acaba encontrando a si mesmo em comunhão com Deus.
Essa dimensão moral é o núcleo da promessa do Cristo: a porta que se abre é a da consciência desperta, é a do coração pacificado. Quando pedimos com fé, mas também com humildade e propósito justo, o céu responde não apenas aliviando nossas dores, mas fortalecendo-nos para que possamos superar as provas e transformar as dificuldades em aprendizado.
Reflexão final
A frase do Cristo é uma síntese da pedagogia divina: ação, perseverança, fé e humildade. Procurar é mover-se. Achar é aprender. Bater é confiar. Abrir é ser acolhido. Que possamos, diante das portas da vida, não desistir de bater e não cansar de buscar. A promessa do Senhor permanece viva: ninguém que procure o bem deixará de encontrá-lo, ninguém que bata com sinceridade ficará sem resposta.
“Procurai e achareis, batei e se vos abrirá” — é a certeza de que jamais estaremos desamparados, porque Deus ouve e responde a cada alma no instante certo.
Referências Bibliográficas
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25, itens 1 a 5. FEB.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
- DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. FEB.
- DENIS, Léon. Depois da Morte. FEB.
- XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). Caminho, Verdade e Vida. FEB.
- XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Agenda Cristã. FEB.
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