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Reflexões e estudos da Doutrina Espírita, baseado nas obras de Allan Kardec
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Enfermidade Espiritual: Drogadição, Tabagismo e Alcoolismo segundo a Doutrina Espírita
Dependência química não é apenas um problema físico ou psicológico. Para a Doutrina Espírita, a drogadição, o tabagismo e o alcoolismo configuram-se como verdadeiras enfermidades espirituais, que envolvem não só o corpo e a mente, mas também o perispírito e a relação com o mundo invisível. Nesse contexto, o Espiritismo propõe uma visão integral do ser humano, oferecendo caminhos terapêuticos que unem ciência, ética e espiritualidade.
O vício como doença da alma
De acordo com Joanna de Ângelis, em sua obra Conflitos Existenciais, os vícios representam a tentativa inconsciente do Espírito de preencher vazios existenciais, dores não resolvidas e conflitos internos que atravessam várias encarnações. A substância química, seja ela lícita ou ilícita, torna-se uma fuga artificial para emoções não enfrentadas, gerando dependência e sofrimento.
A dependência não nasce do nada. Ela encontra terreno fértil em indivíduos que trazem fragilidades emocionais, baixa autoestima, culpas antigas e predisposição ao desequilíbrio moral. Assim, o vício é resultado de uma soma de fatores psicológicos, sociais e espirituais que se entrelaçam em um processo devastador.
O vício, sob a ótica espírita, não pode ser reduzido a uma simples compulsão ou fragilidade da vontade. Ele é, antes de tudo, expressão de uma alma adoecida, que busca compensações externas para suprir carências internas e espirituais. Muitas vezes, o indivíduo carrega experiências dolorosas de existências passadas — traumas, culpas, remorsos — que se manifestam em forma de tendências viciosas, procurando na droga, no álcool ou no cigarro uma anestesia momentânea contra a angústia que lhe consome por dentro. Joanna de Ângelis lembra que todo vício é um atestado de desajuste moral e emocional, revelando a dificuldade do ser em lidar com a realidade da vida e com a própria consciência. Assim, cada substância ingerida não apenas afeta o corpo físico, mas também imprime marcas no perispírito, registrando o desequilíbrio e criando uma teia magnética que atrai Espíritos igualmente enfermos, que se alimentam dessa sintonia de desequilíbrio. Por isso, o vício é uma doença da alma porque corrói a liberdade interior, aprisionando o indivíduo em círculos de sofrimento e alienação, impedindo-o de desenvolver plenamente as potencialidades divinas que carrega em si.
Instalação e danos da dependência viciosa
A instalação da dependência química se dá de forma gradual. No início, há a ilusão de liberdade: o álcool, o cigarro ou a droga oferecem alívio imediato da ansiedade e da dor. Porém, rapidamente esse “prazer” se transforma em prisão. O organismo exige doses maiores, e a mente se torna escrava da substância.
Do ponto de vista espiritual, os danos são ainda mais profundos. O perispírito, envoltório semimaterial da alma, sofre impregnações tóxicas, registrando a influência deletéria dos vícios. André Luiz, em Nos Domínios da Mediunidade, descreve como Espíritos desencarnados viciados em álcool e drogas buscam vampirizar os encarnados, potencializando os quadros de obsessão.
O vício não destrói apenas o corpo físico. Ele compromete a lucidez espiritual, fragiliza a vontade e rompe laços afetivos e sociais, levando muitas vezes à marginalidade e ao desespero.
Além disso, é importante perceber que a dependência viciosa não se limita ao campo individual, mas gera reflexos coletivos. Quando um ser humano se entrega ao vício, fragiliza também os vínculos familiares, profissionais e sociais, tornando-se foco de instabilidade e dor para os que convivem ao seu redor. O lar passa a ser marcado por insegurança, discussões e, muitas vezes, violência; o ambiente de trabalho sofre com ausências e queda de produtividade; e a sociedade arca com o peso de acidentes, gastos em saúde pública e crimes relacionados ao uso de substâncias. Do ponto de vista espiritual, cada recaída aprofunda a sintonia com entidades perturbadas, que intensificam a escravidão psíquica do dependente, criando um ciclo difícil de romper sem o apoio do amor, da disciplina e da espiritualidade.
O vício e a obsessão espiritual
No livro Após a Tempestade, Joanna de Ângelis explica que muitas vezes o vício é alimentado por processos obsessivos. Espíritos desencarnados, ainda presos às paixões terrenas, aproximam-se dos encarnados em sintonia com o mesmo desejo. O alcoólatra, por exemplo, é acompanhado por entidades que compartilham a mesma sede de álcool, formando um círculo vicioso de mútua vampirização.
Esse fenômeno é descrito por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, quando trata da influência oculta dos Espíritos sobre os encarnados. O vício, portanto, não pode ser reduzido a um problema de “falta de força de vontade”: ele é muitas vezes a expressão de uma verdadeira simbiose entre encarnados e desencarnados em sofrimento.
“O homem é sempre assistido pelos Espíritos que se ligam às suas tendências.” – Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, q. 459.
Consequências sociais e espirituais
As consequências do vício são devastadoras não apenas para o indivíduo, mas também para a família e a sociedade. Violência doméstica, acidentes de trânsito, doenças graves e desagregação familiar são frutos diretos da dependência química.
No plano espiritual, a dependência dificulta a evolução do Espírito. Muitos reencarnam trazendo marcas do abuso químico em forma de doenças congênitas, distúrbios mentais ou deficiências físicas, como adverte a literatura de André Luiz.
O tratamento segundo a Doutrina Espírita
A Doutrina Espírita, em sintonia com a medicina e a psicologia, oferece caminhos complementares para a libertação do vício. Não se trata de negar a importância dos recursos clínicos e terapêuticos, mas de compreender que a cura verdadeira exige também a renovação moral e espiritual.
1. Reforma íntima
O primeiro passo para a libertação é a reforma íntima. Sem mudar hábitos, pensamentos e sentimentos, qualquer tratamento será apenas paliativo. Joanna de Ângelis enfatiza que a cura só é real quando o Espírito se dispõe a enfrentar suas sombras, substituindo vícios por virtudes, egoísmo por altruísmo, fuga por enfrentamento consciente.
2. Prece e vigilância
A prece sincera é um recurso poderoso. Ela estabelece sintonia com Espíritos elevados, afasta influências negativas e fortalece a vontade do indivíduo. A vigilância, por sua vez, implica atenção constante às próprias fragilidades, evitando ambientes, amizades e situações que possam desencadear recaídas.
3. Prática dos atos morais
O exercício do bem é terapêutico. Ao servir, o dependente encontra sentido para a vida, experimenta alegria legítima e se afasta do vazio existencial que antes buscava preencher com drogas. “Servir é o mais eficaz antídoto contra o egoísmo que sustenta os vícios.”
4. Recursos espirituais
- Frequentar um centro espírita: A participação em palestras, estudos e grupos de apoio fortalece a fé e o senso de pertencimento.
- Passe magnético: Harmoniza os centros de força e alivia tensões emocionais.
- Água fluidificada: Atua como medicamento espiritual, revitalizando as energias do organismo.
- Tratamento de desobsessão: Fundamental nos casos em que há influência espiritual persistente, promovendo a libertação do encarnado e do desencarnado.
Exemplos e casos práticos
A literatura espírita oferece diversos relatos sobre o impacto dos vícios e os caminhos de superação. André Luiz narra em Libertação a história de Espíritos presos a zonas umbralinas em razão da dependência alcoólica. Em contraposição, há casos de indivíduos que, apoiados pela fé e pela prática do bem, conseguem se libertar e reconstruir suas vidas.
Nas casas espíritas, é comum acompanhar histórias de transformação. Pessoas que chegaram fragilizadas pelo álcool e pelas drogas encontram, no acolhimento fraterno, na prece e no estudo, a força para mudar. Esses testemunhos vivos demonstram que a libertação é possível quando o ser humano se abre à ação do Cristo em sua vida.
Testemunho de um homem no mundo
O papel da sociedade e da família
O combate aos vícios não é responsabilidade exclusiva do dependente. Família e sociedade precisam oferecer apoio, acolhimento e alternativas saudáveis de convivência. A rejeição e o preconceito apenas aprofundam o problema. O amor, ao contrário, abre portas para a regeneração.
No ambiente familiar, o diálogo, a paciência e a oração em conjunto são ferramentas poderosas. O lar que cultiva o Evangelho no Lar cria uma barreira de proteção espiritual contra influências inferiores.
Caminhos de libertação
A Doutrina Espírita nos ensina que nenhum Espírito está condenado ao vício eternamente. Mesmo os casos mais difíceis podem encontrar cura, desde que haja esforço sincero e perseverança. A reencarnação é oportunidade de aprendizado, e a cada queda pode seguir-se uma reabilitação.
“O vício é prisão da alma. A virtude é sua liberdade.”
O Espiritismo, ao unir ciência e fé, apresenta um roteiro claro: reconhecimento da enfermidade, tratamento médico e psicológico, recursos espirituais, reforma íntima e perseverança no bem. Esse é o caminho seguro para a verdadeira libertação.
Considerações finais
A drogadição, o tabagismo e o alcoolismo são muito mais que problemas sociais: são desafios espirituais da humanidade. Ao encarar essas enfermidades como oportunidades de aprendizado e regeneração, a Doutrina Espírita nos inspira a agir com compaixão, disciplina e fé. O Cristo, modelo de saúde integral, nos convida a seguir pela senda da temperança, do amor e da liberdade espiritual.
Artigo Relacionado: Tabagismo: uma leitura à lua da psicologia Espírita
Referências Bibliográficas
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 77ª ed. FEB, 2022.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 69ª ed. FEB, 2020.
- XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Nos Domínios da Mediunidade. FEB
- XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Libertação. FEB, 2017.
- FRANCO, Divaldo P. (pelo Espírito Joanna de Ângelis). Conflitos Existenciais. LEAL, 1995.
- FRANCO, Divaldo P. (pelo Espírito Joanna de Ângelis). Após a Tempestade. LEAL, 1985.
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