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Reflexões e estudos da Doutrina Espírita, baseado nas obras de Allan Kardec
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Benevolência, Indulgência e Perdão: o tripé da Caridade
A questão 886 de O Livro dos Espíritos resume de maneira magistral a essência do Evangelho de Jesus: a caridade, entendida como benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Esse tripé não é apenas uma orientação moral, mas um roteiro de renovação interior capaz de transformar nossa relação com o próximo e conosco mesmos.
O que significa a Benevolência?
A palavra benevolência vem do latim benevolentia, “boa vontade, bondade”: de bene, “bem”, e volere, “querer, desejar”. Ser benevolente é cultivar um impulso íntimo que nos leva a desejar o bem do próximo, não importando quem ele seja.
André Luiz, em Nos Domínios da Mediunidade, lembra que todo pensamento de bondade é uma força libertadora que se irradia no ambiente. Assim, cada gesto de benevolência, por mais simples que pareça, é uma semente de luz.
A verdadeira benevolência não se limita a palavras de conforto ou boas intenções; ela se traduz em ações concretas que demonstram solidariedade e compaixão. O bem começa no coração, mas se confirma nos gestos diários de renúncia, apoio e compreensão. Quando desejamos o bem, criamos em torno de nós uma atmosfera de fraternidade que se expande silenciosamente, atingindo até aqueles que não conhecemos pessoalmente.
A doçura da Indulgência
No capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “Bem-aventurados os misericordiosos”, o item 16 nos fala da indulgência como sentimento doce e fraternal que deve ser alimentado em relação a todos. Ela evita divulgar os erros alheios e, quando precisa corrigi-los, o faz com cuidado e amor.
Chico Xavier dizia que “as pessoas indulgentes são doces por dentro, têm cheiro de pipoca doce; quando você está doce por dentro, o que sai de você é doçura”. A indulgência é essa suavidade que compreende os defeitos do próximo sem os exaltar, oferecendo sempre a mão estendida.
Exemplo disso está em Jesus diante da mulher adúltera: “Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra” (João 8:7). A indulgência não é conivência, mas a escolha de iluminar em vez de condenar.
Praticar a indulgência é, em essência, desenvolver um olhar compassivo que enxerga no erro alheio uma oportunidade de aprendizado, e não um motivo para condenação. André Luiz observa em Sinal Verde que a crítica destrutiva é sempre uma forma de agressão, enquanto a indulgência suaviza as dores da alma e promove reconciliação. Desse modo, a indulgência se torna não apenas virtude moral, mas remédio eficaz para a convivência pacífica em família, no trabalho e na sociedade.
O perdão como continuidade do amor
O perdão encerra a mais profunda expressão da caridade. Carlos Torres Pastorino lembra que o prefixo “per” transmite a ideia de continuidade: per-noitar, per-correr, per-sistir. Assim, perdoar é per-donare: continuar doando.
E o que doamos? Do íntimo mais íntimo de nós mesmos: um sorriso, uma prece, um gesto de reconciliação, um voto de paz. Emmanuel, em Fonte Viva, afirma que “perdoar é libertar-se do passado e abrir caminho para a paz”.
Quando cultivamos esse estado de perdão permanente, a alma se pacifica. É o que Paulo diz: “Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim” (Gálatas 2:20).
O perdão, além de libertar a alma, atua como chave de cura espiritual e emocional. O ressentimento corrói como veneno silencioso, ao passo que o perdão restabelece a harmonia interior e nos reaproxima das leis divinas. Não perdoar é aprisionar-se no passado; perdoar é abrir a porta para um futuro de paz. Por isso, o ato de perdoar beneficia mais aquele que perdoa do que quem recebe o perdão, pois remove os grilhões invisíveis que impedem o coração de ser feliz.
A prática espírita da caridade
O Espiritismo, como cristianismo redivivo, nos convida a viver a proposta do Cristo: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI).
Caridade não é só auxílio material, mas um modo de ser: benevolência constante, indulgência sincera e perdão perseverante. Quando nos dispomos a viver esse tripé, nossa luz interior se expande e cumpre o propósito divino: que brilhe a nossa luz diante dos homens.
No cotidiano espírita, a caridade deve ser exercida tanto no campo material quanto no espiritual. O amor não se limita a doar pão ou vestes, mas se expande no silêncio da prece, no conselho amigo, na escuta atenta e no esforço por compreender os dramas íntimos do próximo. Essa prática integral da caridade é que distingue a fé viva da fé estéril, tornando o espírita um colaborador consciente na obra de regeneração da humanidade.
Conclusão
Viver a benevolência, a indulgência e o perdão é o caminho para a paz interior e para a construção de um mundo mais fraterno. Cada gesto simples — um olhar compreensivo, um silêncio respeitoso, uma palavra de consolo — transforma o cotidiano em terreno fértil para a caridade verdadeira.
Assim, o tripé da caridade — benevolência, indulgência e perdão — não deve ser visto como um ideal distante ou inatingível, mas como um exercício diário, aplicado nas pequenas circunstâncias da vida. Emmanuel recorda que “ninguém pode fazer tudo, mas todos podemos fazer alguma coisa”, e é nessa soma de gestos simples que se constrói o Reino de Deus no coração humano. A vivência constante desse tripé é a resposta prática ao convite de Jesus: “Brilhe a vossa luz diante dos homens”.
Assim, a caridade deixa de ser apenas um ideal distante e se torna prática viva, conduzindo-nos ao que Jesus prometeu: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.
Bibliografia
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.
- XAVIER, Francisco Cândido (por Emmanuel). Fonte Viva. FEB.
- XAVIER, Francisco Cândido (por André Luiz). Nos Domínios da Mediunidade. FEB.
- PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho. Sabedoria Editora.
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