Amor, o grande remédio para abrandar os males da vida
“A impaciência é vício grave. Falta de caridade para consigo mesmo. Por isso, afirmava Jesus: ‘Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra’. Isso quer dizer que o homem sereno desfruta o privilégio de mais extensa vida no corpo.”
— Chico Xavier / Espírito Hilário Silva, A Vida Escreve
Essa advertência mostra o quanto a impaciência nos fere primeiro por dentro. Ao nos irritarmos com facilidade, criamos tensões desnecessárias, enfraquecemos a serenidade e abrimos caminho para outros vícios: irritação constante, orgulho ferido, agressividade verbal, intolerância e fuga para hábitos nocivos. Muitos desses vícios surgem em gestos mínimos — uma crítica precipitada, uma reclamação automática, o impulso de julgar — e, se não vigiados, distanciam-nos da paz.
Todavia, são vícios evitáveis quando adotamos a vigilância sobre nós mesmos, quando nos recolhemos em oração e quando nos tornamos receptivos às boas intuições dos Espíritos Benfeitores que nos cercam. A prece sincera afina o pensamento, reduz o impulso e permite que a sugestão do bem encontre morada em nosso coração.
“Deixai vir a mim as criancinhas”: o chamado às almas cansadas
No ensino evangélico, registrado em O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos uma interpretação que amplia o convite de Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas”. O Cristo, com sua ternura profunda, não chamou apenas as crianças do corpo, mas as almas que gravitam em círculos inferiores, onde a infelicidade obscurece a esperança.
Ele acolhe os tímidos, os débeis, os ignorantes e os aflitos. À multidão dos que sofrem, Ele promete ensinar o remédio supremo: o amor e a caridade. O Evangelho afirma que aquele que possui esse fogo divino nada precisa temer; ao entregar-se à vontade do Pai, mesmo quando a prova se faz presente, o cristão demonstra a confiança que cura e eleva.
“Se tendes este fogo divino, que temereis? Direis a todo instante: Meu Pai, que Vossa vontade seja feita e não a minha... Se tendes amor, tendes tudo o que se pode desejar na terra.”
— Baseado em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 8, item 18
O amor torna o ser humano invencível, não pela força, mas pela serenidade; ele nos torna dóceis sem servilismo, fortes sem violência. Amar é aceitar, suportar, compreender e agir pelo bem do outro — atitudes que transformam provas em degraus de evolução.
Jesus, portanto, não nos convida apenas a amar, mas a viver o amor como proteção, cura e orientação. Quando clamamos ao Cristo, pedindo que nos guie no caminho certo, que nos fortaleça nos momentos difíceis e nos abençoe conforme nosso merecimento, reconhecemos que a providência divina trabalha sempre — mas precisa encontrar em nós esforço, boa vontade e desejo sincero de melhorar.
Libertação dos vícios: o caminho interior
Não há verdadeira vivência do amor sem esforço de libertação das paixões que nos prendem. Cabe-nos empenhar-nos na vigilância constante, no autoesforço e no abandono das tendências destrutivas. A rebeldia que se manifesta na tentativa de impor a própria vontade através da violência ou do antagonismo é uma ilusão que só gera mais sofrimento.
A liberdade começa no pensamento: é ali que se acalenta a aspiração pelo bom, pelo belo e pelo ideal. Quando o pensamento é dirigido para o altruísmo e para os valores elevados, as atitudes seguem, e a vida transforma-se. Conquistar a si mesmo — dominar impulsos, renunciar ao imediatismo e cultivar a disciplina interior — é o grande passo rumo à verdadeira felicidade.
Amar não é fraqueza; é coragem e maturidade. É a chave que abre caminhos e cura feridas. Se desejamos ser abençoados e guiados por Jesus, devemos igualmente fazer nossa parte: vigiar os pensamentos, praticar a oração, aceitar as provas com resignação ativa e aproveitar todas as oportunidades de servir.
Que Jesus, Mestre amoroso, nos inspire a cultivar o amor que liberta, a vigilância que previne quedas e a serenidade que nos aproxima da verdadeira felicidade. Que Ele nos fortaleça quando a dor nos visitar, nos ilumine quando a dúvida surgir, e nos permita reconhecer que, com amor, temos tudo o que realmente importa na terra.
Texto elaborado com base nos ensinamentos evangélicos interpretados pela Doutrina Espírita. Que a prece e a vigilância interior nos conduzam sempre ao amor que cura e liberta.
Por Alexandre Cunha - O Homem no Mundo


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