AMAR E PERDOAR — O CAMINHO DA NOSSA VERDADEIRA EVOLUÇÃO
Amar e perdoar são dois movimentos essenciais da alma em jornada pela Terra. Não se trata apenas de virtudes morais ou de atitudes nobres recomendadas pela religião; são, antes, leis profundas da vida espiritual, que determinam o nosso progresso e definem a nossa paz quando retornamos à pátria verdadeira. A reencarnação é o laboratório onde aprendemos, pouco a pouco, que amar nos expande e perdoar nos liberta.
A Doutrina Espírita lembra que, ao deixarmos o corpo físico, não levamos títulos, conquistas sociais ou aparências, mas apenas aquilo que conseguimos transformar em nós mesmos: a capacidade de sentir, compreender, renunciar e amar. Por isso, quando o Espírito desperta no Além, a visão se amplia. E muitas vezes o arrependimento fala mais alto, como nos relata o Espírito Antenor Amorim na psicografia de Chico Xavier:
"Ah! se eu pudesse recuar no tempo, como seria diferente a minha conduta! somente aqui conseguimos aquilatar o tempo perdido na procura de fantasias brilhantes e, com lágrimas tardias, reconhecemos que muito poderíamos ter feito, no erguimento de nossa própria felicidade nas sendas eternas. Feliz quem sabe renunciar e não espera a morte do corpo para confiar-se à própria renovação!"
Essas palavras ecoam a experiência de muitos que, ao despertarem na vida espiritual, percebem que o tempo gasto com mágoas, ressentimentos, disputas e orgulho poderia ter sido investido na edificação do próprio coração.
AMAR: A LEI QUE NOS ELEVA
No Espiritismo, amar não é um sentimento restrito à ternura afetiva ou aos laços de simpatia. É uma força ativa, um impulso de compreensão e acolhimento que se aprende convivendo com pessoas difíceis, enfrentando situações desafiadoras e desenvolvendo paciência diante das imperfeições alheias e das nossas.
Hammed, em Renovando Atitudes, explica que amar é reconhecer no outro alguém que também está a caminho, alguém que erra, que sofre, que não sabe ainda tudo o que gostaríamos que soubesse. Assim, o amor não exige perfeição: ele educa, amplia, inspira e prepara o espírito para novas dimensões de entendimento.
Jesus sintetizou esse movimento ao nos pedir que amássemos até os inimigos, e Kardec, em ’O Evangelho Segundo o Espiritismo, reforça que esse amor é a pedra angular da grande construção espiritual, pois ninguém evolui verdadeiramente enquanto permanece prisioneiro do egoísmo.
O SENTIDO DO PERDÃO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Perdoar não é passividade, não é submissão, nem aceitação resignada de abusos. O perdão espírita não estimula a vítima a permanecer no ciclo de sofrimento, tampouco ordena que ignore limites ou riscos pessoais.
Martins Peralva define:
"O conceito de perdão segundo o Espiritismo é igual ao do Evangelho: concessão indefinida de oportunidades para que o ofensor se arrependa, o pecador se recomponha, o criminoso se libere do mal e se erga, redimido, para a ascensão luminosa... Quem perdoa, segundo a concepção espírita-cristã, esquece a ofensa. Não conserva resentimentos. Ajuda o ofensor, muita vez sem que este saiba."
Essa definição esclarece o núcleo espiritual do perdão: ele é uma libertação interior, um movimento de maturidade moral. Não aprova o erro, mas devolve ao ofensor o direito de recomeçar. Não justifica a agressão, mas se recusa a guardar ressentimento. Não incentiva a convivência com o mal, mas nos convida a não levar o mal para dentro de nós.
Perdoar é soltar o vínculo emocional de dor, para que a vida possa fluir novamente. Por isso, só perdoa verdadeiramente quem aprendeu a amar.
APRENDENDO A PERDOAR
O perdão, sob a luz espírita, é um exercício de lucidez e não de apatia. Não é anular-se, nem permitir que o outro ultrapasse nossos limites morais e emocionais. O perdão não invalida a justiça, nem exclui a necessidade de afastamento saudável de quem nos faz mal repetidamente.
Perdoar não é:
- Aceitar agressões como se nada estivesse acontecendo.
- Permanecer em relações abusivas por “bondade”.
- Reprimir a dor fingindo que não importa.
- Ignorar os próprios limites e necessidades.
Perdoar é assumir a responsabilidade pelo estado do próprio coração. É recusar-se a carregar o peso do ressentimento. É compreender que o outro ainda está em processo, assim como nós. É desejar que o ofensor encontre o caminho da regeneração, mesmo quando decidimos seguir nossa estrada longe dele.
No Evangelho, Jesus nos ensina a necessidade de perdoar “setenta vezes sete vezes”. Kardec explica que Ele assim o disse porque nenhum de nós progride enquanto alimenta ódio ou mágoa, já que tais sentimentos nos mantêm presos às esferas inferiores do pensamento.
A VITÓRIA DAQUELES QUE AMAM E PERDOAM
Prossegue o Espírito Antenor Amorim, em sua mensagem tocante:
"Hoje entendo que a vitória maior é sempre a daqueles que sabem confiar, amar, perdoar, ajudar e esperar. Sem o espírito de amor e perdão, que Jesus nos legou, a caminhada para o Alto é difícil, é impraticável. Trabalhemos na plantação do bem."
Essas palavras sintetizam o ensinamento essencial da vida: quem ama e perdoa vence por dentro, conquista uma paz que ninguém pode tirar, abre portas para recomeços luminosos e cria em si mesmo as bases da felicidade futura.
Quando retornamos ao mundo espiritual, percebemos com clareza o valor dos pequenos gestos de compreensão, da renúncia às querelas inúteis, da paciência com os que ainda não despertaram. E é nesse momento que entendemos que amar e perdoar não são deveres impostos pela religião, mas investimentos eternos em nós mesmos.
CONCLUSÃO — O AMOR E O PERDÃO CONSTROEM A NOSSA IMORTALIDADE
A vida corporal é breve, mas é nela que moldamos o nosso destino espiritual. Cada ressentimento vencido, cada ofensa superada, cada impulso de ternura oferecido a alguém é um degrau a mais na ascensão da alma.
Amar é aproximar-se de Deus.
Perdoar é libertar-se para continuar caminhando.
A Doutrina Espírita nos ensina que nenhum esforço de amor ou perdão se perde. Tudo amadurece, tudo frutifica, tudo retorna a nós em forma de luz.
E quando enfim regressamos ao mundo espiritual, levamos conosco somente o que conseguimos transformar em sentimento. Por isso, amar e perdoar são as obras mais valiosas da vida — as únicas que realmente atravessam a eternidade.




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