Atributos da Divindade à Luz da Doutrina Espírita
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” — O Livro dos Espíritos, questão 1
Ao abordar os atributos da Divindade, o Espiritismo propõe uma compreensão racional, moral e científica da ideia de Deus. Diferente das formulações antropomórficas e mitológicas que predominaram em fases anteriores da humanidade, a Doutrina Espírita oferece uma definição que alia razão e espiritualidade, fundamentada em leis naturais e observáveis. O presente artigo se propõe a estudar esses atributos com profundidade, à luz das obras de Allan Kardec, Emmanuel e Meimei, oferecendo uma reflexão doutrinária para os que desejam pensar Deus com maturidade espiritual.
Deus como Causa Primária: o princípio filosófico do ser absoluto
Na questão 11 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos superiores respondem que os atributos de Deus resumem-se na perfeição absoluta. Essa noção é desdobrada por Kardec em A Gênese, capítulo 2, onde ele propõe uma análise dos principais atributos divinos como base para toda a estrutura doutrinária.
O Espírito não pode evoluir sem um ponto de referência moral absoluto. Deus, como causa primária, não é apenas o princípio do universo, mas o fundamento ontológico da consciência moral, isto é, o alicerce inabalável do bem, do justo, do verdadeiro.
Imutabilidade e eternidade: Deus fora do tempo e da transformação
No item 10 de A Gênese, Kardec declara que Deus sendo eterno, não tem começo nem fim, e, por ser imutável, não está sujeito às variações próprias das criaturas. Isso tem implicações profundas: um Deus que muda não pode ser perfeito, pois a mudança implicaria imperfeição anterior ou posterior.
Essa concepção ressoa nas palavras de Emmanuel no capítulo 40 do livro Roteiro, onde ele nos convida a contemplar o “Pai Infinito” não como uma imagem antropomórfica, mas como a Inteligência ordenadora do cosmos. Deus não evolui — nós é que nos elevamos à sua compreensão progressiva.
Onisciência e Onipresença: o olhar que tudo abrange
Nos itens 11 a 13 de A Gênese, Kardec detalha que Deus sabe tudo porque tudo está em si. Não há exterioridade entre o Criador e a criação. Sua ciência não depende de observação ou previsão, pois é imanente. Ele vê, compreende e abrange o passado, o presente e o futuro num eterno agora.
É neste sentido que Meimei, na obra Pai Nosso (cap. 1), diz: “Nosso Pai está nos céus do infinito e também dentro de nós”. Esta é uma chave para a verdadeira espiritualidade: Deus está tanto nas galáxias quanto na intimidade do pensamento que se eleva em prece.
Onipotência e justiça: poder absoluto, mas moralmente perfeito
A ideia de onipotência é muitas vezes mal compreendida. No Espiritismo, ela não significa arbitrariedade, mas sim a ação de leis imutáveis, sábias e justas, expressão da própria natureza divina.
O item 14 de A Gênese estabelece que Deus sendo soberanamente justo e bom, tudo faz com finalidade útil e moral. Emmanuel, em Palavras de Emmanuel, capítulo 14, comenta que o poder divino não está nos gestos grandiosos e catastróficos, mas nas leis que promovem a evolução silenciosa dos mundos e das almas.
Se Deus fosse injusto, por menor que fosse a injustiça, Ele não seria Deus. É essa perfeição moral absoluta que torna a onipotência divina um poder que educa, transforma e liberta.
Unicidade e imaterialidade: Deus é único e não pode ser representado
Kardec afirma nos itens 15 e 16 que Deus é imaterial — portanto, não pode ser apreendido pelos sentidos nem comparado a qualquer coisa finita. Esta compreensão elimina os ídolos, os dogmas e os templos fechados. A verdadeira adoração é interior, feita em espírito e verdade, como ensinou Jesus.
A unicidade de Deus implica também em universalidade das leis morais. O que é justo no Brasil também será justo em Marte, pois o bem não muda com a geografia nem com a época.
Amor e Providência: os atributos vivos de Deus
Além de princípios metafísicos, os atributos de Deus são experienciáveis. Emmanuel, em diversas obras, descreve o amor divino como uma presença constante nos mecanismos da reencarnação, da dor educativa e da assistência espiritual.
André Luiz, em Nosso Lar e Entre a Terra e o Céu, mostra como esse Deus soberanamente justo e bom coordena equipes espirituais inteiras para proteger, educar e salvar Espíritos em queda. A Providência é a justiça em movimento, e o amor é sua linguagem silenciosa.
Conclusão: Conhecer Deus é tarefa da razão e do coração
Como afirma Kardec, “Deus é infinito em todas as perfeições” (A Gênese, item 18). Cada atributo divino não é isolado, mas harmoniza-se em um todo que escapa à nossa compreensão completa. Contudo, quanto mais o Espírito progride, mais amplia sua capacidade de sentir, entender e viver em consonância com essa Perfeição Suprema.
Estudar os atributos de Deus à luz do Espiritismo é, portanto, um exercício de expansão da consciência. Não para defini-Lo, mas para nos aproximarmos moralmente Dele. Afinal, como resume Emmanuel: “Deus não exige que o homem seja um anjo, mas que caminhe, com esforço, em direção à luz.”
Referências Bibliográficas
- KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. 2, itens 9 a 19.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 11 e 13.
- XAVIER, Francisco Cândido. Palavras de Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 14 – Deus.
- XAVIER, Francisco Cândido. Pai Nosso. Pelo Espírito Meimei. Item 1 – Pai Nosso que estás nos Céus.
- XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 40 – Ante o Infinito.
- XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz.
- XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu. Pelo Espírito André Luiz.
Links externos complementares
- A Gênese – Cap. 2 (Kardecpedia)
- O Livro dos Espíritos – Questões 11 e 13
- Estudo: Atributos da Divindade – Espiritismo.net
- Artigos Doutrinários – FEB
As lições são curtas, mas densas em espiritualidade, tornando-se acessíveis tanto a crianças quanto a adultos, especialmente os que desejam cultivar uma fé mais viva e íntima. Cada item convida à reflexão sobre nossas atitudes diárias, relacionando o Evangelho à prática do bem no lar, na escola, no trabalho e na convivência.
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