Sociedade de Magnetismo de Paris: o elo entre ciência, espiritualidade e a formação de Kardec
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O que foi a Sociedade de Magnetismo de Paris?
A Sociedade de Magnetismo de Paris foi uma das mais respeitadas instituições do século XIX dedicadas ao estudo do magnetismo animal — teoria segundo a qual o ser humano possui um fluido vital capaz de ser transmitido e manipulado para fins terapêuticos e anímicos. Fundada com base nas ideias de Franz Anton Mesmer, a sociedade reunia médicos, cientistas, filósofos e espiritualistas interessados em compreender os fenômenos sutis da mente e da energia humana.
Allan Kardec, então conhecido como Hippolyte Léon Denizard Rivail, participou ativamente da Sociedade como educador e pesquisador. Nela, ele teve contato direto com experiências magnéticas, como o sonambulismo, a cura por passes e os chamados “banquetes magnéticos”, que revelaram propriedades inusitadas das energias sutis.
O que é o magnetismo animal e qual sua importância histórica?
O magnetismo animal é uma teoria desenvolvida por Franz Anton Mesmer no século XVIII. Segundo Mesmer, existe um fluido invisível que permeia todos os seres vivos e que pode ser manipulado por certos indivíduos — os chamados magnetizadores — para curar doenças e induzir estados alterados de consciência.
Esse fluido, também chamado de fluido vital, seria o intermediário entre o corpo e a alma, sendo capaz de agir tanto no campo físico quanto no espiritual. O magnetismo animal teve forte impacto na medicina da época e influenciou diretamente o surgimento do Espiritismo, pois muitos fenômenos espirituais foram inicialmente estudados sob a ótica magnética.
Como os banquetes magnéticos de Kardec revelaram a natureza do fluido vital?
Um dos experimentos mais curiosos documentados por Allan Kardec em sua fase pré-espírita foram os banquetes magnéticos. Nessas experiências, relatadas em seus escritos pedagógicos e estudos na Sociedade de Magnetismo, um grupo de pessoas magnetizava alimentos com passes antes de serem consumidos por médiuns ou pessoas sensíveis.
O objetivo era verificar se os fluidos passados ao alimento produziam efeitos físicos ou psíquicos nos participantes. Os resultados foram notáveis: alguns relataram visões, estados de êxtase ou sonolência induzida. Em certos casos, observava-se inclusive comunicação mediúnica espontânea.
Esses eventos abriram espaço para o entendimento da atuação do fluido espiritual sobre a matéria, consolidando a ponte entre o magnetismo e a mediunidade. O próprio Kardec, em O Livro dos Médiuns, mais tarde afirmaria que “o fluido perispiritual é o veículo do pensamento e da vontade”, ideia diretamente herdada das experiências magnéticas.
Qual a relação entre o magnetismo e os fenômenos mediúnicos?
Muitos fenômenos que seriam mais tarde classificados como “mediúnicos” foram primeiramente estudados sob o prisma do magnetismo. O sonambulismo magnético, por exemplo, era visto como um estado alterado de consciência no qual o paciente podia prever diagnósticos, relatar experiências fora do corpo e descrever cenas espirituais.
Na Introdução de O Livro dos Espíritos (itens III e IV), Kardec esclarece que a mediunidade e o magnetismo são fenômenos irmãos, pois ambos envolvem o uso do fluido espiritual. Por isso, ele recomenda que o estudo do Espiritismo nunca seja dissociado do conhecimento magnético.
Segundo Gabriel Delanne, em O Fenômeno Espírita, muitos médiuns eram também excelentes magnetizadores, e a compreensão do magnetismo ampliava a segurança e a eficácia das comunicações espirituais.
Por que a Sociedade de Magnetismo foi decisiva para a formação de Allan Kardec?
A vivência de Kardec na Sociedade de Magnetismo foi fundamental para que ele desenvolvesse o método que aplicaria na Codificação Espírita. Ali, ele aprendeu a:
- Observar fenômenos com imparcialidade;
- Aplicar o método experimental em casos subjetivos;
- Entender a relação entre mente, corpo e espírito;
- Valorizar os testemunhos sob controle e repetição.
Essa formação o preparou para diferenciar entre fraudes, alucinações e manifestações legítimas dos Espíritos. Sua pedagogia magnética tornou-se, assim, a base do método espírita que daria origem aos cinco livros fundamentais do Espiritismo.
Artigo Relacionado: Magnetismo: Conceito e aplicação
Leituras complementares recomendadas
- O Livro dos Espíritos – Allan Kardec (PDF – FEB)
- O Livro dos Médiuns – Allan Kardec (PDF – FEB)
- O Fenômeno Espírita – Gabriel Delanne
- A História do Espiritismo – Arthur Conan Doyle
Referências bibliográficas
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos – Introdução, itens III e IV.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. FEB, 2021.
- DELANNE, Gabriel. O Fenômeno Espírita. FEB, 1995.
- DOYLE, Arthur Conan. A História do Espiritismo. FEB, 2004.
- THIESEN, Francisco; WANTUIL, Zeus. Allan Kardec: o Educador e o Codificador. FEB, 1987.
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