Instinto e Inteligência à Luz do Espiritismo
Instinto e inteligência são dois aspectos fundamentais da alma em evolução. A Doutrina Espírita, através de suas obras basilares, oferece esclarecimentos profundos sobre a natureza, função e desenvolvimento desses elementos no ser humano e nos seres vivos em geral.
O Instinto: Inteligência em Forma Primária
Segundo O Livro dos Espíritos (questão 604A), o instinto é uma forma de inteligência rudimentar que atua como guia seguro nos primeiros estágios da vida espiritual. Allan Kardec observa que ele é uma força protetora dada por Deus, especialmente útil nas fases iniciais da existência.
No livro A Gênese, capítulo 3, itens 11 a 13, o instinto é apresentado como uma manifestação vital necessária à preservação da vida e à execução automática de atos indispensáveis. Kardec diferencia claramente o instinto da inteligência reflexiva, mas destaca que ambos coexistem e cooperam na jornada evolutiva.
Camille Flammarion, em Deus na Natureza, capítulo 2, reconhece o instinto como um plano inferior da inteligência universal, atuando com precisão em diversos seres e revelando a harmonia divina da Criação.
A Inteligência: Ferramenta de Escolhas Conscientes
Ao contrário do instinto, a inteligência permite o raciocínio, a análise e a tomada de decisões conscientes. Na questão 593 de O Livro dos Espíritos, Kardec destaca que, nos animais, a inteligência é limitada a atos imediatos de necessidade, enquanto no homem ela atinge um nível mais elevado, permitindo progresso moral e espiritual.
André Luiz, em No Mundo Maior, capítulo 4, ao estudar o cérebro humano, mostra que as estruturas cerebrais funcionam como estações receptoras das faculdades espirituais. A inteligência, nesse contexto, é modulada pelo grau de evolução do Espírito e se manifesta conforme a capacidade de cada um absorver e aplicar conhecimentos elevados.
Em O Consolador (questão 117), Emmanuel afirma que a inteligência é uma conquista do Espírito ao longo dos milênios, desenvolvida por meio da experiência e do esforço contínuo em diferentes encarnações.
Instinto e Inteligência na Evolução do Espírito
A Doutrina Espírita ensina que todos os seres estão em constante evolução. O instinto surge primeiro, como uma inteligência involuntária e automática, necessária à preservação. A inteligência, por sua vez, representa o despertar da razão e do livre-arbítrio.
Na Revista Espírita (junho e julho de 1868), Kardec defende que o Espiritismo está presente em todas as épocas da humanidade, manifestando-se através do instinto nos povos primitivos e evoluindo para formas superiores de inteligência. Ele cita ainda que a "geração espontânea" de ideias é reflexo da atividade espiritual progressiva.
No capítulo 21 de Entre o Céu e a Terra, observamos como os Espíritos influenciam nossas escolhas ao nível da inteligência consciente, porém respeitando o livre-arbítrio. A inteligência superior dos bons Espíritos age com discernimento, amor e sabedoria.
Aspectos Morais do Instinto e da Inteligência
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 11, item 8, aprendemos que o verdadeiro desenvolvimento espiritual depende do uso moral da inteligência. Um Espírito pode ser altamente inteligente, mas ainda moralmente inferior. O progresso moral é, portanto, a verdadeira meta da evolução.
Na questão 702 de O Livro dos Espíritos, é explicado que o homem, pela inteligência, pode produzir o necessário à vida, mas deve usar esse poder com responsabilidade. O instinto o ajuda a sobreviver, mas é a inteligência que o eleva eticamente.
Conclusão: Harmonia entre Instinto e Inteligência
O instinto e a inteligência não se excluem — são fases complementares do mesmo princípio espiritual em evolução. O Espiritismo demonstra que o instinto é a raiz e a inteligência é o fruto. O ser humano, ao longo das encarnações, transforma o instinto em consciência, ampliando sua capacidade de amar, discernir e servir ao bem.
Como destaca O Céu e o Inferno, capítulo 2, itens 2 e 4, o destino dos Espíritos está ligado ao uso que fazem da inteligência. O instinto, por mais primitivo que pareça, é o primeiro degrau rumo à luz da razão divina.
Assim, compreender essa transição entre instinto e inteligência é essencial para entendermos a grandiosidade do plano divino e nossa responsabilidade como seres espirituais em aprendizado contínuo.
Fonte da Pesquisa: Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - Ano 11 Nº 6 JUN 1868 - O Espiritismo em toda parte - Item: Conferências e Nº 7 JUL 1868 - A Geração Espontânea e A Gênese - FEB 2019; Livro No Mundo Maior de Chico Xavier pelo Espírito André Luiz, Cap. 4 - Estudando o Cérebro; A Gênese de Allan Kardec, Cap. 3, itens 11, 12, 13, 18, 24; Livro Deus Na Natureza de Camille Flammarion - Destino dos Seres e das Coisas, Cap. 2 - Plano da Natureza - Instinto e Inteligência; O Livro dos Espíritos, questões 24, 101, 107, 112, 604A, 702, 703, Comentário de Allan Kardec à questões 71 e 593; Livro O Céu e o Inferno, Cap. 2, itens 2 e 4; A Gênese, Cap. 3, itens 12, 13, 18, 24; O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 11, item 8; Livro Entre o Céu e a Terra de Chico Xavier pelo Espírito André Luiz, Cap. 21 - Conversação Edificante; O Consolador de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, Questão 117.
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