O Esquecimento do Passado: Justificativas da Sua Necessidade na Visão Espírita

 


Por que não lembramos das vidas passadas?

Uma das perguntas mais frequentes entre os que estudam a reencarnação é: "Se já vivemos antes, por que não lembramos?". A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, oferece uma explicação lógica, consoladora e profundamente espiritual para esse fenômeno, que envolve o chamado esquecimento do passado, também conhecido como olvido reencarnatório.

Longe de ser uma punição ou uma falha da natureza, o esquecimento das vidas anteriores é um mecanismo necessário e misericordioso para o progresso do Espírito em sua jornada evolutiva.


Esquecer para recomeçar: uma benção divina

No capítulo 5 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 11, os Espíritos Superiores explicam que o esquecimento das existências anteriores é uma bênção que permite ao Espírito retomar sua caminhada sem os fardos emocionais do passado.

“Se Deus julgasse útil que pudésseis recordar-vos do passado, tê-lo-íeis como dom natural.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 5, item 11)

Imagine carregar, desde o nascimento, a lembrança de todos os erros, traumas, mágoas e sofrimentos de existências anteriores. Isso seria um obstáculo quase intransponível para o convívio social e a superação pessoal. O esquecimento temporário nos dá a oportunidade de reiniciar a vida com mais leveza e esperança.


Proteção psíquica e equilíbrio emocional

Allan Kardec, em A Gênese, capítulo 11, item 21, destaca que o Espírito conserva a lembrança de tudo o que viveu, mas essa memória está temporariamente velada pela encarnação. O objetivo é preservar a harmonia psíquica do ser humano:

“Se se lembrasse de seu passado, seria perturbado por tantas recordações más quanto boas.”
(A Gênese, cap. 11, item 21)

Ao encarnar, o Espírito passa por um processo de condensação fluídica e adaptação ao corpo físico, que funciona como filtro limitador da consciência espiritual. O esquecimento é, portanto, uma defesa natural, uma estratégia de equilíbrio e foco no presente.


A sabedoria divina do olvido temporário

No comentário à questão 399 de O Livro dos Espíritos, Kardec afirma que a lembrança clara e constante das existências passadas traria consequências desastrosas para o Espírito reencarnado. Não apenas pela carga emocional negativa, mas também pelo risco de reacender antigos ressentimentos e rivalidades.

“Deus, em sua sabedoria, tira-lhe esse incômodo.”
(O Livro dos Espíritos, q. 399, comentário)

Esse "incômodo" seria mais do que um peso moral: afetaria diretamente nossas escolhas e relações atuais. Esquecer o passado é uma condição para reconstruir vínculos, perdoar sem saber, recomeçar com outros olhos.


A consciência espiritual e o subconsciente

Emmanuel, no livro Emmanuel, capítulo 14, traz uma análise preciosa sobre a subconsciência como depósito das experiências pretéritas. Ele explica que não esquecemos de fato, mas que essas memórias estão adormecidas no inconsciente, influenciando nossas tendências, medos, afinidades e talentos.

“O olvido é apenas relativo. A subconsciência guarda as experiências da alma.”
(Emmanuel, cap. 14, item 2)

Esse conteúdo profundo pode emergir em forma de intuições, sonhos, simpatias instantâneas, aversões inexplicáveis, ou até mesmo através de terapias regressivas bem conduzidas.


Léon Denis, no capítulo 14 da obra Depois da Morte, reforça essa visão ao responder às objeções sobre o esquecimento. Ele afirma que a lembrança integral das vidas passadas seria um fardo insuportável para a maioria dos Espíritos encarnados:

“Seria terrível para o homem ver-se subitamente invadido pelas recordações de existências de miséria, sofrimento ou crime.”
(Depois da Morte, cap. 14 – Objeções)

O filósofo espírita defende que o olvido parcial é essencial para que o Espírito se reorganize, sem ser escravo de seus próprios erros. Segundo Denis, apenas Espíritos elevados têm maturidade moral para lidar com essas lembranças conscientemente.


Subconsciência

As recordações após o desencarne

No livro Entre a Terra e o Céu, André Luiz relata que, ao desencarnar, os Espíritos recuperam gradualmente as lembranças do passado, à medida que se libertam das impressões físicas. No capítulo 8 da obra, a personagem espiritual Narcisa conduz uma excursão reveladora com aprendizes espirituais que visitam cenas de vidas anteriores.

“A memória voltava pouco a pouco, sem choque ou desespero, auxiliando na reeducação do Espírito.”
(Entre a Terra e o Céu, cap. 8 – Deliciosa excursão)

Isso comprova que o esquecimento é apenas temporário e funcional. Após a morte, o Espírito reaviva seu passado e avalia, com lucidez, suas conquistas e falhas.


Conclusão: esquecer para evoluir com liberdade

O esquecimento do passado é uma providência amorosa e educativa, permitindo ao Espírito evoluir sem amarras emocionais que poderiam paralisar sua vontade de melhorar. Esse mecanismo assegura que cada nova existência seja uma oportunidade genuína de renovação, fundamentada no livre-arbítrio e na esperança.

Ao compreender essa lei espiritual, o ser humano pode valorizar mais o presente, agir com mais responsabilidade e compaixão, e confiar na justiça divina que rege sua jornada.


Referências Bibliográficas

  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB, cap. 5, item 11.

  • KARDEC, Allan. A Gênese. FEB, cap. 11, item 21.

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB, comentário à questão 399.

  • DENIS, Léon. Depois da Morte. FEB, cap. 14 – Objeções.

  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito Emmanuel). Emmanuel. FEB, cap. 14, itens 2 e 3.

  • XAVIER, Francisco Cândido (pelo Espírito André Luiz). Entre a Terra e o Céu. FEB, cap. 8 – Deliciosa excursão.


Entre a Terra e o Céu é uma das obras da série psicografada por Chico Xavier, ditada pelo espírito André Luiz, que aprofunda os ensinamentos da Doutrina Espírita através de observações no plano espiritual.

Neste livro, André Luiz atua como aprendiz em missões de auxílio a Espíritos desencarnados, acompanhando casos de laços familiares, obsessões, doenças cármicas e resgates morais. A narrativa destaca como as relações humanas — principalmente as afetivas e familiares — continuam influenciando os destinos espirituais além da morte.

A obra mostra a atuação de benfeitores espirituais na reorganização de vidas, revelando que o amor, o perdão e a responsabilidade espiritual são ferramentas fundamentais na jornada de regeneração.

Com linguagem acessível, rica em exemplos e ensinamentos práticos, Entre a Terra e o Céu é um convite à reflexão sobre nossas escolhas e seus reflexos na vida futura. Adquira aqui o seu!

#EsquecimentoDoPassado #Reencarnação #DoutrinaEspírita #AllanKardec #Emmanuel #AndréLuiz #ChicoXavier #EntreATerraEOCeu #LivreArbítrio #Espiritismo #EvoluçãoEspiritual #VidaApósVida #OLivroDosEspíritos #OEvangelhoSegundoOespiritismo #AGênese #LéonDenis #CentroEspírita #Subconsciência #ReencarnaçãoEvolução

Comentários

Instagram

Postagens mais visitadas