"Não vim trazer a paz, porém a divisão" - Uma Reflexão Espírita
A afirmação de Jesus, “Não vim trazer a paz, porém a divisão”, presente no Evangelho segundo Mateus (10:34), pode parecer contraditória à sua mensagem de amor e fraternidade. No entanto, à luz do Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 23, itens 9 a 18, essa passagem adquire um significado profundo e coerente com a missão do Cristo.
Jesus não veio trazer a paz no sentido de uma tranquilidade ilusória, sustentada por velhos hábitos e crenças enraizadas. Sua presença na Terra e seus ensinamentos representaram uma revolução moral, gerando, inevitavelmente, conflitos e divisões entre aqueles que aceitavam a nova luz do Evangelho e aqueles que permaneciam presos aos valores materiais e dogmáticos da época.
Allan Kardec explica que essa divisão não deve ser vista como algo negativo, mas como um efeito natural da evolução espiritual. O progresso da humanidade sempre se depara com resistências e desafios. A verdade, ao se impor, provoca reações daqueles que não estão prontos para aceitá-la, gerando, temporariamente, desentendimentos entre amigos, familiares e sociedades inteiras.
Quantas vezes, ao despertar para a espiritualidade e os valores superiores, alguém se vê incompreendido por aqueles que ainda se apegam ao materialismo e ao egoísmo? Esse choque de ideias e posturas é a "espada" simbólica que Jesus menciona, pois exige coragem para seguir o caminho do bem, mesmo diante da oposição.
Jesus não veio trazer a discórdia gratuita, mas sim despertar as consciências, separando o “joio do trigo”, isto é, diferenciando aqueles que estão prontos para o progresso daqueles que ainda resistem à transformação moral. Esse processo pode ser doloroso, mas é essencial para a regeneração do mundo.
Assim, o Espiritismo nos convida a compreender que os conflitos gerados pelo avanço da verdade são transitórios. À medida que a humanidade evolui espiritualmente, as divisões darão lugar à verdadeira paz: aquela que nasce da harmonia, do amor e da compreensão entre os seres humanos.
Portanto, seguir Jesus significa estar disposto a enfrentar desafios, superar resistências e trabalhar pela reforma íntima e pelo bem coletivo. A paz verdadeira será alcançada quando todos entenderem que o amor e a justiça são os pilares de uma nova sociedade, baseada nos ensinamentos do Cristo.
Fonte de estudo: O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 23, itens 9 a 18. | Lucas 12:51
Comentários
Postar um comentário
Olá amigos,Deixem aqui seus comentários!