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Reflexões e estudos da Doutrina Espírita, baseado nas obras de Allan Kardec
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Guerras, Assassínio e Pena de Morte à luz do Espiritismo
O tema da violência humana, em suas diversas manifestações, ocupa espaço relevante no pensamento espírita. Nas questões 742 a 765 de O Livro dos Espíritos , Allan Kardec, em diálogo com os Espíritos superiores, analisa a guerra, o assassinato, a crueldade e a pena de morte sob uma perspectiva espiritual e evolutiva. O texto revela a atualidade e a profundidade da Doutrina Espírita ao oferecer respostas que transcendem a análise histórica ou sociológica, inserindo tais fenômenos no contexto da Lei de Progresso.
A guerra como expressão da inferioridade moral
Na questão 742, os Espíritos ensinam que a guerra é consequência direta das paixões humanas – orgulho, egoísmo e ambição. Enquanto a humanidade não alcançar estágios mais elevados de moralidade, os conflitos armados continuarão a existir como reflexo da inferioridade espiritual coletiva. Para povos ainda primitivos, a guerra é percebida como condição normal de vida, uma extensão da lei do mais forte. Todavia, à medida que evoluem e ajustam suas legislações às leis divinas, a fraternidade tende a substituir a violência como forma de relação entre os povos.
Esse ponto de vista encontra eco na história: da Antiguidade clássica, em que a guerra era vista como glória e conquista, até os séculos recentes, em que tratados internacionais buscam limitar os danos de conflitos armados, observa-se lenta transformação moral. A Doutrina Espírita, ao considerar a guerra como “mal necessário” em certos estágios (q. 745), não a legitima como solução definitiva, mas a reconhece como instrumento transitório de aprendizado coletivo. O responsável por guerras movidas por interesses pessoais, no entanto, responde espiritualmente por cada vida ceifada em nome de sua ambição.
O assassinato e a lei divina
O homicídio, seja individual ou coletivo, constitui crime grave perante a Lei de Deus, pois interrompe uma existência que poderia cumprir missão ou expiação necessárias. O espíritos ressaltam que mesmo em legítima defesa a culpabilidade é analisada pela justiça divina segundo a intenção do agente. Assim, não apenas o ato em si, mas os motivos íntimos são considerados.
Em tempos de guerra, a responsabilidade individual sofre atenuações diante da coerção, mas atos de crueldade gratuita permanecem moralmente condenáveis. Especial destaque merece o parricídio e o infanticídio (q. 751), delitos que afrontam diretamente os princípios da vida. A análise espírita vai além do aspecto jurídico, pois evidencia que o desenvolvimento intelectual, sem correspondente progresso moral, pode legitimar práticas bárbaras — como o infanticídio em sociedades sofisticadas.
Crueldade e inferioridade espiritual
A crueldade, definida como prazer em infligir sofrimento, representa uma das mais claras manifestações da inferioridade espiritual. Ela se estende tanto a homens quanto a animais, demonstrando vínculo estreito com a brutalidade primitiva do ser humano. Na ótica da lei de causa e efeito, cada ato de violência gratuita gera aprendizado futuro, muitas vezes por meio da experiência direta da dor causada ao próximo. Nesse sentido, a reencarnação funciona como mecanismo pedagógico universal.
A pena de morte e o progresso moral da humanidade
A pena de morte, presente em legislações antigas como o Código de Hamurabi (c. 2000 a.C.), expressa a tentativa rudimentar de organizar a vida social pela intimidação e pela eliminação do infrator. Espíritos nobres foram vítimas desse recurso humano: Sócrates, Giordano Bruno, Joana d’Arc e até Jesus Cristo. Entretanto, ao longo dos séculos, observa-se crescente repúdio à pena capital. Hoje, muitos Estados a aboliram ou restringiram, refletindo avanço do espírito humanitário.
Na questão 762, os Espíritos afirmam que a pena de morte nunca foi verdadeira necessidade, mas fruto da ignorância e do medo social. O Espiritismo ressalta que esse tipo de punição impede o arrependimento e a reparação do indivíduo, privando-o de oportunidades de regeneração. A lei de conservação, que garante o direito de defesa, não deve ser confundida com direito de extermínio. O progresso moral da humanidade, portanto, aponta para alternativas mais eficazes de defesa social, como a educação e a reabilitação.
Justiça divina e a lei de causa e efeito
A máxima evangélica de Jesus — “Quem fere com a espada, com a espada será ferido” (Mt 26:52) — sintetiza a lei de ação e reação, central à Doutrina Espírita. Ninguém escapa da justiça divina, mas também ninguém está condenado eternamente. Espíritos que cometeram crimes expiam suas faltas em reencarnações difíceis, frequentemente marcadas por doenças, limitações ou condições de sofrimento proporcional ao mal praticado.
O Espiritismo destaca que a justiça de Deus é imutável e equitativa, visando sempre ao progresso do Espírito. Assim, mesmo aqueles que praticaram grandes crimes recebem novas oportunidades de aprendizado, em consonância com a lei do amor e da misericórdia.
Conclusão
A análise espírita sobre guerra, assassinato, crueldade e pena de morte mostra que esses fenômenos, embora ainda presentes, são etapas transitórias da evolução humana. A Doutrina aponta para o futuro, em que a fraternidade substituirá a violência e a justiça será sinônimo de reabilitação, não de vingança. Ao compreender a lei de causa e efeito como mecanismo pedagógico, percebemos que cada dor é convite à transformação.
O Espiritismo, ao iluminar esses temas com a luz da justiça divina e da reencarnação, oferece não apenas consolo, mas também responsabilidade, lembrando-nos de que cada ato repercute na construção do mundo futuro.
Artigo Relacionado: Flagelos Destruidores
Referências bibliográficas
- KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
- BÍBLIA. Novo Testamento. Evangelho de Mateus, 26:52. 
- XAVIER, F. C. (Espírito Emmanuel). O Consolador. Rio de Janeiro: FEB, 1973. 
- DENIS, L. Depois da Morte. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
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