Mediunidade: Contradições e Mistificações
A mediunidade é fascinante, mas também cercada de desafios, contradições e, muitas vezes, mistificações. Desde os primeiros estudos realizados por Allan Kardec, a Doutrina Espírita tem alertado para os riscos de comunicações enganosas, sejam elas oriundas da influência dos próprios médiuns ou de Espíritos que se compram em ludibriar.
No Livro dos Médiuns , Kardec enfatiza que a mediunidade deve ser tratada com seriedade e discernimento, pois nem todas as comunicações espirituais são genuínas ou provém de Espíritos superiores. No capítulo 4, ele aponta que Espíritos inferiores podem se apresentar como entidades elevadas, explorando a vaidade ou a engenhosidade do médium. Além disso, no capítulo 27, ele alerta para o perigo das mistificações, destacando que médiuns despreparados ou vaidosos podem se tornar instrumentos de mensagens falsas, sem perceberem que estão sendo enganados.
A questão das contradições na mediunidade também é abordada em O Livro dos Espíritos , na introdução, item 13, onde Kardec explica que a diversidade de opiniões entre os Espíritos reflete diferentes graus de evolução e compreensão. Assim como entre os homens, há Espíritos sábios e benevolentes, mas também há aqueles ignorantes ou mal-intencionados. Cabe ao médium e aos estudiosos da doutrina analisarem com destino as mensagens recebidas, evitando aceitar qualquer comunicação sem uma análise racional.
A mediunidade é um campo sensível, sujeito à influência moral do próprio médium. Médiuns que não cultivam o estudo, a disciplina e a humildade são mais propensos a sofrer interferências de espíritos mistificadores, pois suas vibrações acabam atraindo entidades que se aproveitam de suas fraquezas.
Na Revista Espírita , Kardec relatou casos concretos de mistificações, como os publicados nos anos de 1863 e 1864, onde analisou comunicações duvidosas e demonstrou a necessidade de se verificar a coerência e o conteúdo moral das mensagens. Ele enfatizou que, para evitar cair em armadilhas espirituais, é essencial confrontar as mensagens com os princípios doutrinários e com o bom senso.
A lógica e a razão devem ser os guias para aqueles que estudam a mediunidade. Espíritos elevados jamais impõem suas ideias, nem fazem promessas vazias ou alimentam ilusões. Toda comunicação verdadeira deve ser consistente, instrutiva e moralmente elevada.
Muitos médiuns caem no erro por falta de vigilância, permitindo que sua própria mente interfira na comunicação mediúnica. Isso leva à mistura de ideias pessoais com mensagens espirituais, tornando difícil a distinção entre a verdadeira inspiração e a criação do subconsciente.
Diante dessas advertências, torna-se evidente que a mediunidade exige preparo, estudo e vigilância constantes. As contradições e mistificações são desafios reais, mas podem ser evitadas quando o médium e os estudiosos do Espiritismo adotam uma postura séria e criteriosa. O exercício mediúnico deve ser sempre pautado pela busca da verdade, pelo bom senso e pelo compromisso com o bem, garantindo que a comunicação com o mundo espiritual ocorra de maneira legítima e edificante.
Fonte da Pesquisa: O Livro dos Médiuns, capítulo 4, item 36, capítulo 27, itens 297.299 e 303 ; O Livro dos Espíritos, Introdução item 13; Livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, capítulo 2; O Consolador de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, questão 401; Revista Espírita, Allan Kardec, Jornal de Estudos Psicológicos, Ano 6 nº 8 Agosto 1863 e Ano 7, nº 4 Abril 1864; Livro O Que é o Espiritismo de Allan Kardec, capítulo 2, item 82; Livro O Invisível de Léon Denis, capítulo 24.
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