Médiuns Precursores

 


Os médiuns precursores desempenharam um papel fundamental na preparação do caminho para a consolidação do Espiritismo, sendo instrumentos para a manifestação do mundo espiritual muito antes da codificação kardequiana. Desde a antiguidade, há relatos de fenômenos mediúnicos que influenciaram religiões, filosofias e movimentos espirituais, demonstrando a existência de uma comunicação entre os dois planos da vida.

 A mediunidade sempre esteve presente na humanidade, mas que, no século XIX, certos fenômenos ganharam grande repercussão, como os eventos de Hydesville, em 1848. As irmãs Fox, através de ruídos e batidas inteligentes, foram as responsáveis por despertar a atenção para os contatos com o mundo espiritual. Esse acontecimento foi um marco no surgimento do movimento espiritualista moderno e abriu caminho para estudos mais aprofundados sobre as manifestações dos Espíritos.

Essas manifestações, ainda que muitas vezes recebidas com ceticismo, foram essenciais para a construção de um pensamento mais aberto à existência da vida após a morte e da possibilidade de comunicação com os Espíritos.

No livro Allan Kardec: O Educador e o Codificador , Francisco Thiesen e Zeus Wantuil explicam que Allan Kardec, ao entrar em contato com os envolvidos das mesas girantes, vemos que ali havia algo mais do que simples curiosidade. Os autores ressaltam que Kardec, com seu espírito investigativo e sua formação científica, foi essencial para dar um caráter racional e estruturado às manifestações mediúnicas. Nesta obra evidencia a importância de seu trabalho como codificador, organizando os ensinamentos espirituais em uma base doutrinária sólida.

Segundo informações de Arthur Conan Doyle, existentes em seu livro A história do espiritualismo: de Swedenborg ao início do século XX , os principais médiuns precursores do  Espiritismo (antes da publicação de O livro dos  espíritos) foram: Emanuel Swedenborg, Edward Irving, Andrew Jackson Davis, as irmãs Fox.

Emanuel Swedenborg foi engenheiro sueco e viveu no século XVIII. Possuía notável clarividência. Publicou alguns livros sobre a vida no Mundo Espiritual, afirmando, em um deles, que esse mundo consiste em várias esferas representando diversos graus de felicidade e luminosidade e que, após a morte, iremos para aquela à qual se adapte a nossa condição espiritual. É considerado o grande anunciador do influxo espírita dos últimos tempos, quando o fenômeno mediúnico deixa de ter caráter episódico, para transformar-se numa invasão organizada pelos Espíritos. 

Edward Irving foi pastor protestante escocês, nascido em 1792, cuja mediunidade de inspiração atraía multidões para ouvir suas luminosas e eloquentes pregações evangélicas. Na igreja que dirigia, ocorreram notáveis fenômenos de psicofonia e voz direta. Pode-se dizer que as experiências mediúnicas de Irving constituíram-se, por sua singularidade, em um traço de união entre Swedenborg e um outro eminente precursor da  Doutrina Espírita – Andrew Jackson Davis.

Andrew Jackson Davis, cognominado “o profeta da Nova Revelação”, por ter previsto o advento do    Espiritismo, nasceu em 1826, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. A despeito da debilidade física que manifestava e do baixo nível de escolaridade, foi excelente médium clarividente, clariaudiente e de cura. Possuía, ainda, a natural capacidade de ver o futuro, de fazer diagnósticos e prognósticos médicos, e de exprimir-se em línguas desconhecidas, quando saía do corpo físico.

Daniel Dunglas Home, que possuía uma excepcional mediunidade de levitação, nasceu na Escócia, em 1833. A seu respeito assim foi dito: “[...] Quando o Sr. Home passa, espalha, em seu derredor, a maior de todas as bênçãos: a certeza da vida futura”. Kardec, em várias ocasiões, defendeu Home de calúnias sobre ele levantadas por adversários das ideias espíritas. A certa altura, afirma, na Revista Espírita de março de 1863: ...Por certo, se alguém fosse capaz de vencer a incredulidade por efeitos materiais, este seria o Sr. Home. Nenhum médium produziu um conjunto de fenômenos mais surpreendentes, nem em condições mais honestas, e, contudo, hoje, bom número dos que o viram ainda o tratam como hábil prestidigitador. Para muitos ele faz coisas bem curiosas, mais curiosas que Robert Houdin [famoso prestidigitador da época], e eis tudo [...]. Para Allan Kardec, o médium Home está acima de qualquer suspeita de charlatanismo: o que faltou aos que viram e não se convenceram foi a chave que lhes permitisse compreender as manifestações produzidas pelo médium. Ainda para ele, a vinda de Home à França contribuiu para ali acelerar o desenvolvimento do  Espiritismo, quer pelo maravilhoso dos fenômenos, quer pela repercussão destes no mundo social que frequentou.

As irmãs Fox desempenharam um papel fundamental no despertar do interesse pelas manifestações  espirituais no século XIX. No livro O Que é o Espiritismo , Kardec menciona que os acontecimentos ocorridos na casa da família Fox, em Hydesville, nos Estados Unidos, em 1848, marcaram o início de um grande movimento de investigações sobre os Espíritos e suas comunicações com o mundo material.

As irmãs Margaret e Kate Fox, ainda crianças na época, ouviam ruídos e batidas misteriosas em sua casa. A comunicação foi estabelecida através de um código de pancadas, o que levou à identificação de um Espírito que afirmava ter sido assassinado naquele local. Esse episódio atraiu a atenção de muitos curiosos, estudiosos e cientistas, desencadeando o movimento espiritualista moderno, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.

Para Kardec, as características das irmãs Fox foram um ponto de partida, mas não a base do Espiritismo. Em O Livro dos Médiuns , ele destaca que eventos esses ajudaram a comprovar a existência da comunicação com os Espíritos, mas que era necessário um estudo mais profundo e sistemático para compreender as leis que regem essas interações.

Os médiuns precursores foram, portanto, instrumentos de transição, preparando o terreno para a chegada do Espiritismo. Suas experiências e manifestações despertaram a atenção da sociedade, permitindo que Kardec estabelecesse um estudo metódico das manifestações espirituais e codificasse a Doutrina Espírita, baseada na lógica, na ciência e na moral cristã. Sem esses pioneiros, talvez o Espiritismo não tenha encontrado um solo fértil para germinar e se desenvolver, trazendo esclarecimento e consolo a tantas almas.

Fonte de Pesquisa: Livro A História do Espiritualismo de Arthur Conan Doyle, capítulos 1, 2 e 9 ; Livro Allan Kardec: O Educador e o Codificador de Francisco Thiesen e Zeus Wantuil, capítulom1 item 8 e capítulo 2.

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