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Reflexões e estudos da Doutrina Espírita, baseado nas obras de Allan Kardec
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Sonambulismo, Êxtase e Dupla Vista
No cerne dos fenômenos anímicos e mediúnicos estudados por Allan Kardec estão três manifestações que intrigam a humanidade desde a Antiguidade: o sonambulismo, o êxtase e a dupla vista. Tais estados psíquicos excepcionais revelam o potencial latente da alma, apontando para a sua independência relativa do corpo e fornecendo, à luz do Espiritismo, sólidas evidências da imortalidade.
Este artigo visa analisar essas manifestações com profundidade doutrinária, amparando-se em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e outras obras clássicas, como Obras Póstumas e os comentários dos Espíritos superiores. É um estudo voltado a estudiosos da Doutrina Espírita que desejam compreender não apenas o fenômeno em si, mas seus desdobramentos morais, espirituais e científicos.
1. O que é o Sonambulismo?
O sonambulismo, conforme ensina Allan Kardec na questão 425 de O Livro dos Espíritos, é uma emancipação parcial da alma, na qual o Espírito do encarnado se desliga em parte do corpo e passa a agir com relativa liberdade. Nesse estado, a alma vê, ouve, pensa e se movimenta com autonomia, mesmo que o corpo esteja em repouso.
Existem dois tipos principais de sonambulismo: o natural, que ocorre espontaneamente em certos indivíduos, geralmente durante o sono profundo, e o magnético, que é induzido por passes ou ações magnéticas. Em ambos os casos, trata-se de uma manifestação anímica, ou seja, não depende diretamente da ação de Espíritos desencarnados, embora estes possam influenciar ou se comunicar por meio do sonâmbulo.
2. O sistema sonambúlico e suas propriedades
O chamado sistema sonambúlico refere-se ao modo como a alma atua fora das limitações físicas habituais. Segundo O Livro dos Médiuns (cap. XIV), o sonâmbulo pode enxergar à distância, diagnosticar doenças, relatar acontecimentos ocultos e até visitar planos espirituais. Ele se utiliza da percepção espiritual, que está além dos sentidos corpóreos. Muitas vezes, essa faculdade é confundida com a mediunidade de vidência.
Kardec destaca que há uma sensibilidade maior nos centros nervosos, permitindo que o perispírito atue com mais liberdade. O corpo físico permanece inativo, mas os sentidos espirituais se tornam extremamente aguçados. O Espírito, parcialmente liberto, age com maior lucidez, embora essa lucidez varie conforme o grau de evolução moral e intelectual do indivíduo.
3. Mediunidade e sonambulismo: diferenças e interações
Enquanto o sonambulismo é uma faculdade anímica, a mediunidade é, por definição, a capacidade de servir de intermediário entre os Espíritos desencarnados e o mundo corporal. Contudo, há casos em que essas duas condições se interpenetram. O médium sonambúlico é aquele que, estando em estado de sonambulismo, é também capaz de transmitir comunicações de Espíritos.
Kardec explica que nesse tipo de mediunidade há uma atuação dupla: o Espírito do sonâmbulo se emancipa e, ao mesmo tempo, se põe em sintonia com outros Espíritos, recebendo instruções e transmitindo mensagens. Isso exige, naturalmente, um grau elevado de afinidade moral e espiritual com os comunicantes.
Essa forma de mediunidade exige responsabilidade, pois o sonâmbulo pode se impressionar vivamente com as imagens ou sugestões recebidas, confundindo, por vezes, suas percepções com a realidade objetiva. É por isso que a vigilância moral e o estudo doutrinário são indispensáveis.
4. Fenômeno do transporte
O fenômeno do transporte é outra manifestação possível nos estados sonambúlicos. Descrito por Kardec como a capacidade de certos médiuns ou sonâmbulos de deslocar objetos à distância ou visitarem espiritualmente locais remotos, esse fenômeno revela a plasticidade do perispírito e sua interação com o fluido universal.
O transporte não é um milagre, mas sim o resultado de leis ainda pouco compreendidas pela ciência material. O Espírito pode, em determinadas condições, moldar o fluido ambiente e produzir efeitos físicos de forma controlada. Embora raros e complexos, esses fenômenos são atestados por múltiplas experiências documentadas por Kardec e seus contemporâneos.
5. O que é a Dupla Vista?
Também chamada de segunda vista ou clarividência, a dupla vista é uma percepção espiritual que ocorre mesmo sem sonambulismo ou transe magnético. Ela se manifesta de forma espontânea, em vigília, e permite à alma ver além do mundo físico, percebendo pessoas, fatos e ambientes distantes ou ainda não ocorridos.
Na questão 447 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos explicam que a dupla vista é uma faculdade inata em certos indivíduos e pode ser desenvolvida pela disciplina, prece e estudo. Diferente da vidência mediúnica, que depende de uma entidade comunicante, a dupla vista é um desdobramento da percepção da própria alma.
Essas visões ocorrem quando o Espírito do encarnado, mesmo momentaneamente, se projeta para fora do corpo e acessa informações do plano espiritual ou da psicosfera de outro ambiente. A dupla vista pode se manifestar em momentos de grande emoção, preces intensas ou durante tarefas espirituais.
6. O êxtase e a elevação espiritual
O êxtase é um grau ainda mais profundo de emancipação da alma. Nesse estado, o Espírito se afasta quase totalmente do corpo, ficando este em completa letargia. A alma, então, penetra regiões superiores do mundo espiritual, experimentando visões sublimes e sentimentos de paz, amor e luz.
Kardec e os Espíritos superiores alertam, no entanto, que nem todo êxtase é autêntico. Muitas vezes, estados emocionais intensos ou autoinduzidos podem gerar alucinações ou ilusão mística. O verdadeiro êxtase espiritual é calmo, silencioso, desinteressado e nunca se presta ao orgulho ou à ostentação.
O Espírito em êxtase pode trazer informações sobre a vida após a morte, sobre a realidade dos planos superiores e sobre leis morais universais. No entanto, mesmo nessas condições, o médium está sujeito às limitações de seu grau evolutivo e das imperfeições de sua linguagem e cultura.
7. Considerações morais e orientações de Kardec
Em todos esses fenômenos — sonambulismo, dupla vista e êxtase —, Allan Kardec enfatiza a necessidade de desenvolvimento moral, vigilância, bom senso e estudo contínuo. A Doutrina Espírita não se detém apenas na curiosidade dos fenômenos, mas busca compreendê-los como manifestações da alma imortal, a serviço do progresso espiritual do ser humano.
Em O Livro dos Médiuns, o Codificador recomenda que esses estados sejam observados com método, prudência e espírito de caridade. As faculdades psíquicas devem ser cultivadas como instrumentos de serviço ao próximo, e nunca como meios de vaidade ou exploração.
Além disso, a mediunidade sonambúlica, embora fascinante, requer cuidados especiais. O médium, ou sonâmbulo, deve ser protegido contra abusos, desgastes e interferências negativas, e orientado com base no Evangelho e nos princípios de fraternidade, humildade e discernimento.
Perguntas Frequentes (FAQ)
- O que é o sonambulismo segundo o Espiritismo?
- É a emancipação parcial da alma durante o sono ou por ação magnética, permitindo que o Espírito atue com relativa independência do corpo físico.
- Qual a diferença entre sonambulismo e mediunidade?
- O sonambulismo é um fenômeno anímico, originado pela própria alma do encarnado. Já a mediunidade envolve comunicação com Espíritos desencarnados.
- O que é dupla vista?
- É a percepção espiritual que permite à alma ver além do plano físico, mesmo em estado de vigília, acessando cenas distantes ou do plano espiritual.
- O que caracteriza o êxtase espiritual?
- É o afastamento quase completo da alma do corpo, permitindo ao Espírito vivenciar planos superiores e experimentar visões de ordem moral e espiritual elevada.
- Todo sonâmbulo é médium?
- Não necessariamente. Somente quando há influência de Espíritos desencarnados é que o sonâmbulo atua como médium.
Bibliografia
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 425 a 455.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Segunda parte, capítulos XIV e seguintes.
- KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Segunda parte, artigos sobre sonambulismo e êxtase.
- DENIS, Léon. No Invisível. Cap. sobre vidência e estados psíquicos.
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